Dias 348 e 349 – 15 e 16 de agosto | Viagem em Las Vegas

Nossa segunda noite em um Walmart foi até bem tranquila considerando que a menos de 200 metros passava uma rodovia. O calor da tarde deu espaço para um friozinho de leve quando já passava das duas da manhã e os esguichos de irrigação dos canteiros do estacionamento começaram a funcionar.

Pela manhã, deixamos Bakersfield depois de um café da manhã rápido no mercado. Era dia de deixar o estado número um em produção de alimentos e vinhos da América, o berço da revolução tecnológica mundial, a casa das estrelas de Hollywood e também de milhares de imigrantes latinos que fizeram da Califórnia sua nova casa.

Seguimos para Las Vegas, Nevada!

Chegar a cidade que não dorme não foi lá muito prazeroso. Pegamos muito calor pelo caminho, muito mesmo, ao ponto de haverem placas ao lado das rodovias avisando para desligar o ar condicionado do carro para evitar o super aquecimento do motor.  Estávamos passando muito perto do Death Valley, o Vale conhecido pelo calor infernal e paisagens áridas. Na verdade não ficamos nem um pouco tentados em conhecer a região. Fritar e desidratar são excelentes para bananas, não para seres humanos.

A paisagem desértica nos acompanhou até chegarmos em Las Vegas, por volta das quatro da tarde. O cenário sem vida, com nada mais que a estrada cortando o deserto, de repende deu lugar a um lugar cheio de arranhacéus, cores, luzes e sons!

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Deserto e mais deserto!
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Hotéis, casinos, lojas, avenidas largas: o paraíso dos turistas 

Antes, porém, fizemos duas paradas: a primeira para fazermos almoço em uma Rest Area e a segunda para tomarmos um banho para espantar o calor.

Achamos uma estradinha que dava para lugar nenhum e sem qualquer possibilidade de encontrar alguma árvore para nos escondermos, paramos em meio ao nada. Tomamos banho com o chuveirinho instalado no carro enquanto víamos se formar uma espécie de tempestade de areia. Ventos fortes dificultaram um pouco o banho ao ar livre, mas foi a solução mais econômica que encontramos. Para tomar banho no chuveiro de um posto de combustíveis nos pediram U$12!

De banho tomado, adentramos a cidade que surpreende pelos grandes e luminosos hotéis e casinos. Estacionamos o carro e fomos dar uma volta pela famosa Sprit Street, a Boulevard que concentra as atrações mais famosas da cidade.

Não demorou muito para que nos cansássemos de tanta imaginação megalomaníaca americana. A capital da diversão requer apreço pelo luxo, pelo colorido e saborizado artificialmente. Além disso, curtir suas atrações tem seu preço e definitivamente não estávamos dispostos a pagá-lo.

Resumindo, Vegas é uma cidade para quem quer comprar, jogar e se divertir bebendo enquanto faz as duas outras coisas. É legal para quem está de férias. É bem bacana para quem está com grana e não te dó nem piedade de ver ela indo pelo ralo. A menos que você seja muito sortudo, é claro!

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Os canais de Veneza reproduzidos dentro do hotel e casino The Venetian
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Testando a sorte: ficamos um dólar mais pobres

O que nos chamou mais atenção na cidade foi a oferta de restaurantes premiados e também de propriedade de chefs famosos da TV, como Gordon Ramsey e Buddy Valastro. Tudo faz parte do show business de Vegas!

Nossa diversão gastronômica foi mais simples e talvez mais original. Depois de uma volta no cassino que é cortado pelo canal de Veneza – e que levou embora 1 dolar das nossas economias numa rápida jogada nas caça níqueis – pegamos o carro e saímos do fervo.

Fervo, aliás, é uma boa palavra pra descrever Las Vegas, que é muito quente e agitada.

Saindo da zona turística, entretanto, encontramos a doce vida normal: bairros residenciais e suas grandes casas sem cerca, decoradas com a bandeira americana; regiões comerciais com as cadeias de supermercados e fast food mais comuns do país. Tudo com em qualquer outra cidade dos Estados Unidos.

E foi fora do circuito turístico que chegamos ao Ko-Mex, um restaurante com cara de boteco que tem mais premiação que muito lugar bacana por aí.

O sucesso fica por conta da comida mesmo, que é uma fusão de comida koreana e mexicana. Bem diferente não é mesmo? Foi uma dica de um seguidor no Facebook que nos atiçou a curiosidade. Em breves palavras, são os pratos mais comuns da cozinha mexicana misturados com os sabores da Coreia. Como o país asiático não está no nosso roteiro, achamos uma boa ideia conhecer essa mistura que dificilmente encontraríamos em outros lados.

A curiosidade ficou por conta do Sanduíche de Bulgogi, que é carne marinada grelhada em molho de soja, alho picado e semente de gergelim.

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Fusion Tacos: carne de porco com tempero coreano, slaw e pico de gallo
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Fusion Torta: Bulgogi, maionese, alface, cebola. tomate, jalapenho e molho coreano picante

Saindo do restaurante fomos buscar um Walmart para pernoitarmos. Buscamos no aplicativo e logo encontramos um em uma dessas praças enormes com mais um monte de lojas, que dizia ser tranquilo para dormir. Checamos com o chefe dos seguranças se podíamos dormir lá e a resposta foi a de que no local destinado ao mercado não poderíamos, mas que nas vagas das outras lojas ninguém iria nos incomodar.

Foi o que fizemos. Encontramos uma vaga mais escondida, pra não atrapalhar ninguém e para que não houve dúvidas de que poderíamos ficar ali, colocamos nossas cadeiras pra fora, sentamos na frente do carro e ficamos esperando alguém vir dizer alguma coisa.

O carro dos seguranças do mercado que ficam fazendo ronda no estacionamento passou pela gente mais de uma vez e ninguém disse nada. Sinal verde!

Subimos para o nosso quarto e fomos dormir tranquilos.

Quando era uma da manhã escutamos um barulho e fomos ver na janela. Era outro segurança do estacionamento dizendo que não poderíamos ficar ali. Argumentamos dizendo que tínhamos falado com o chefe dos seguranças, que já haviam nos visto e não tinham falado nada, mas o americano careca era irredutível.

Mais uma vez tivemos que sair no meio da noite para procurarmos um lugar para ficar. A sorte é que não muito distante encontramos um lugar ao lado da rodovia e em frente a um casino, onde dormem os caminhoneiros. Pronto, não haveria ninguém para nos incomodar dessa vez. Montamos nossa casinha outra vez e voltamos a dormir.

No dia seguinte, uma notícia boa fez com que decidíssemos ficar mais uma noite no mesmo lugar. Fernando, o espanhol casado com a baiana Karla que também estão viajando de carro e que conhecemos lá no Peru, estaria passando por Vegas. Seria a chance de rever o amigo que fizemos há mais de seis meses e ainda poder aproveitar a internet e a estrutura do casino para trabalharmos um pouco.

No meio da tarde o espanhol mais engraçado que conhecemos chegou e acabamos desfrutando da companhia do amigo ali mesmo no casino, cujo ar-condicionado era uma benção naquele calor desértico.

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Estacionamento com vista para o casino
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Um chopp para celebrar o reencontro
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Montanha de nachos com muito queijo amarelo processado: bem-vindo à América!
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Sem Trilhos e Provando o Mundo: um encontro casual que rendeu muita conversa e boas risadas

Entre uma cervejas, vinho e burritos, colocamos a conversa em dia depois de tanta viagem dos dois casais (Karlinha tinha voltado para o Brasil para resolver questões pessoais e Fernando tocava a viagem sozinho por uns dias).

E assim foi nossa passagem por Vegas: sem shows pirotécnicos, sem compras, sem hotéis luxuosos, mas da mesma forma bem marcante. Jamais esqueceremos que fomos expulsos do Walmart, nem da comida Ko-Mex, muito menos dos momentos que passamos com o nosso amigo naquele casino na beira da estrada.

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