Dia 350 – 17 de agosto – Sexta | Um dia pelo Grand Canyon

Dia de rodar 400 km para conhecermos uma das paisagens naturais mais bonitas do planeta: o Grand Canyon.

Mas não sem antes tomarmos um café na companhia de Fernando e do Vinicius consertar o termômetro da água do motor. O nosso havia estragado no dia anterior, não achamos outro igual para repor e por sorte ou providência divina, Fernando tinha um sem uso.

Como estávamos passando por uma região com temperaturas bem altas, o termômetro era uma ferramenta que ajudava muito a ver como o motor se comportava. Depois da nossa experiência no Panamá, ficamos sempre de olho na temperatura do motor e não marcamos bobeira. Ao mínimo sinal de super aquecimento, desligamos o ar condicionado, baixamos a velocidade e vamos controlando para que nada aconteça.

Bem, nos despedimos de Fernando que pegava o caminho rumo a Califórnia.

Depois de muita estrada, saímos de Nevada e entramos no Arizona. Surpreendentemente a paisagem ficou mais verde e em um trecho do caminho fomos agraciados com chuva que fez a temperatura baixar.

Às duas da tarde entramos no Parque Nacional do Grand Canyon, pela entrada de South Rim. Trinta e cinco dólares foi o preço pago para entramos na atração. O passe vale por 7 dias, então compensa muito pra quem tem tempo e pode desfrutar de todas as atrações do parque. Além da vista magnífica da cratera gigante, dá pra fazer trilha, andar de bike, passear de 4X4, visitar museus, fazer picnic, procurar por veadinhos nos bosques e mais um monte de atividades legais.

Nós não tínhamos dia de sobra no nosso planejamento, então aproveitamos muito bem às 3 horas que ficamos por lá. Primeiro uma paradinha para o almoço e justo nessa hora uma chuvinha rala mas intermitente começou a cair. Então fizemos a comida dentro da nossa casinha mesmo.

No parque a estrutura é de primeiro mundo, com várias opções de restaurantes e até hotéis. Mas com o preço em dólares, a nossa moeda desvalorizada e a oferta de comida americana gordurosa, nossa primeira opção sempre será fazer a refeição em casa.  

Almoçados, fomos explorar o parque, um pouco a pé e muito de carro. A vista em cada um dos mirantes não chega a mudar completamente, mas é difícil não se impressionar com a grandiosidade da parte sul do Canyon por mais que você já tenha se deparado com a mesma vista mais de 20 vezes.

um dia pelo Grand Canyon
Grand Canyon: beleza que impressiona
um dia pelo Grand Canyon
Vista infinita do Canyon: 445 kilômetros de extensão
um dia no grand canyon
Um cânion, um carro e uma viajante

Comparativamente, o Grand Canyon não é tão profundo quanto o Cânion de Colca, no Peru, nem verdinho como os Cânions de Aparatos da Serra, no Rio Grande do Sul. Mas nenhum dos dois ganha em extensão. A paisagem no Grand Canyon é infinita…ela se perde no horizonte de uma forma que parece uma miragem. As cores dos rochedos e o azul do céu parecem ter algum filtro dos aplicativos de edição de imagem. E, sentimos dizer, mas nenhuma foto conseguirá reproduzir o que o olho humano consegue ver naquele lugar.

E sabe o que é mais engraçado?

Diante de algo tão incrível e majestoso, algo tão surreal, as pessoas passavam mais tempo tirando selfies que apreciando a vista. Deitadas, sentadas ou em pé, com lenços esvoaçantes e em poses sensuais, as pessoas faziam milhões de caras e bocas para deixar o click “perfeito”. Tudo em busca de likes no instagram!

É claro que também tiramos a nossa selfie e também vamos postá-la no insta. Não estamos completamente alienados dessa realidade (pois é!). 

Mas é muito louco pensar como a tecnologia modificou o comportamento das pessoas e o sentimento diante das coisas. Já não é mais natural ir a uma atração somente para conhecê-la, curtí-la, senti-la, prová-la como uma simples experiência pessoal. Hoje é necessário tirar um milhão de fotos, postá-las imediatamente, receber curtidas e comentários para se sentir parte do mundo.

Fechado o parêntesis da divagação filosófica sobre o comportamento humano, podemos dizer que o Grand Canyon é um espetáculo da natureza  e merecia mais dos que as horas que dispensamos pra ele. Mas a vida é assim, já aprendemos: não há como se ter tudo o tempo todo.

Já fazia um friozinho quando deixamos o parque e buscamos um cantinho dentro da floresta nacional para passarmos a noite. No meio de ciprestes e de uma vegetacão bem aberta, fizemos uma fogueira para nos aquecer e assar as socas de milho que havíamos comprado uns dias atrás. 

um dia no grand canyon
Curtindo um camping pertinho do Grand Canyon
um dia no grand canyon
Milho assado: seria melhor se não fosse transgênico :/

Logo a noite caiu e sob o seu estrelado do Arizona, dormimos tranquilamente.

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