Hora de seguir rumo ao norte da Colômbia. Previsão de oito horas de estrada, não sem antes conhecermos um pouco mais de Inzá.
Às sete da manhã passamos na casa de Tonho, que trabalha no cultivo dos orgânicos e quem nos levou até sua roça de granadilhas que ficava no nosso caminho em direção à saída da cidade. As frutas que são como maracujás, mas extremamente doces e sem qualquer acidez, ainda estavam verdes. Uma pena porque seria demais poder provar essa fruta tão rica diretamente do pé.
Um pouco mais adiante, foi a vez de conhecer o restaurante de Lucila, irmã de Tonho, que ficava mais uns quilômetros já na rodovia. Ali se consome muita truta e a maneira de prepará-la é bastante curiosa pra gente. Elas são defumadas por trinta horas. A defumação, entretanto, é bem peculiar e acontece sem muito esforço. Os pescados são limpos, abertos, salgados e pendurados em cordas dispostas sobre o fogão a lenha, onde são preparadas sopas e água de panela, o chá de rapadura que já mencionamos por aqui.
Ali não só trutas como tilápias, frango, chorizos, carne de porco e de gado ficam cozinhando no vapor do caldo e na fumaça da lenha que são, na verdade, galhos de pés de café.
Na hora de preparar, a truta é retirada do varal e jogada em óleo bem quente em uma frigideira. Crocante por fora, úmida por dentro e com sabor suave da defumação natural.
Ao final, arepa com queijo, água de panela e mais uma bela truta defumada acabou sendo nosso café da manhã. Parece muito? Não para os colombianos da região de Cauca. Pra ter uma ideia, no dia anterior Lola nos preparou feijão, arroz e ovos mexidos no café-da-manhã. E no restaurante de Lucila vimos um casal tomando uma bela sopa feita com patas de vaca e outro senhor comendo não só uma truta inteira como o acompanhamento equivalente a umas dez colheres de arroz branco e três batatas assadas…isso depois de já ter tomado o caldo de carne…às 8:30 da manhã!
Assim como no Perú, desayuno aqui é coisa séria…come-se muito!
De volta à estrada, assim que chegamos na Panamericana e encontramos um posto de combustíveis maior, paramos para providenciarmos a troca de óleo e a troca do filtro. Fazer a manutenção do carro é essencial para não termos dor de cabeça lá na frente.
Seguimos viagem, almoçamos a comida que havia na geladeira e só fomos parar em Armênia, a cidade Colombiana que leva o nome do país do Oriente Médio, às cinco da tarde.
Por lá fomos recebidos por Hernan Rodriguez Nieto, engenheiro de alimentos, cozinheiro por paixão, membro ativo do Slow Food, patriarca de uma família linda e um grande e precioso amigo com que passaríamos os dias seguintes dessa aventura gastronômica pelo mundo.