Bem, eis o motivo pelo qual ficamos tanto tempo na região de Armênia, mais especificamente em Carcásia, onde residem Hernan, Maritza e Carolina. Na última semana um comunicado do ENL, o Ejercito Nacional Libertador, colocou a Colômbia em estado de atenção. Das seis da manhã do dia 10.02 às seis da manhã do dia 13.02 havia a previsão de operações militares por parte dos terroristas por todo país. Entre outros motivos, justificaram a medida em razão da negativa do Governo colombiano dar continuidade ao processo de paz, um ciclo de conversas entre a guerrilha e o Estado havia sido interrompido. No comunicado, o ELN pedia para a população não viajar, não usar as vias terrestres para “evitar inconvenientes”.
A força pública respondeu ao comunicado tentando tranquilizar os cidadãos. Disse que estaria preparada para responder a qualquer tipo de ameaça e que não havia motivo para temer ao comunicado.
Pois bem, na dúvida, o que você faria?
Pra que arriscar, não é mesmo? Os colombianos com quem tivemos contato nesses dias nos pareceram mais estarrecidos do que preocupados com o paro armado. “Faz muito tempo que isso já não acontecia”, diziam. “Não sabemos o que pode acontecer… pode ser que nada aconteça “. Estranheza maior é que ocorra justo agora, às vésperas das eleições para o Senado…
Bem, pra gente essa situação não chega a ser novidade, sabemos bem como isso acontece. Razões políticas, econômicas, poder… exatamente aquilo que vimos no Brasil, mais de uma vez, com o PCC e grupos afins.
Até o momento em que escrevo essas linhas, nenhuma vítima havia sido contabilizada, apenas danos ao patrimônio. Guerrilheiros incendiaram caminhões e ônibus, bloquearam vias e em alguns lugares houve confronto com o exército. Festas de carnaval e outros encontros civis foram cancelados.
Apesar dos ataques terem sido isolados, o cenário, como podem ver, não era dos melhores para seguirmos viagem. Assim, com o convite de Hernan, ficamos seguros em sua casa até o cessar do paro armado.
Diante de tudo isso, nessa segunda-feira de Carnaval (que não é festejado nessa região da Colômbia) nos colocamos a trabalhar para no dia seguinte pegarmos estrada.