Dia 160 – 8 de Fevereiro – Quinta-Feira: Cafés Especiais – Produção, Extração e Degustação

Vinicius acordou muito melhor, mas ainda muito abatido e com muita tosse. Mesmo assim se levantou da cama disposto a conhecer uma das regiões cafeeiras mais importantes do mundo: Pijao.

Pra situar, estávamos na região central da Colômbia, no departamento de Quindio, o menor Estado colombiano e um dos maiores produtores de cafés – de excepcional qualidade – do país.

Foi à Pijao que Don Hernán nos levou para conhecer a Hacienda La Divisa, produtora do café La Promessa. A região produtora é montanhosa, verdinha, linda. Os pés de cafés sobem morro acima e se misturam aos bananais, também muito cultivados por aqui.

Chegar à fazenda foi um verdadeiro passeio pelas paisagens belíssimas da Colômbia. O clima por essas bandas é de calmaria e tranquilidade, como em qualquer cidade de interior no Brasil. Mas… nem sempre foi assim. Antes do processo de paz, a guerrilha tomava conta dessas montanhas e o sossego vivia longe dali.

Embora hajam pequenos focos desses movimentos no país, não sentimos, nem por um minuto, insegurança. Ao contrário. A polícia e também o exército estão muito presente nas ruas. As pessoas são muito, muito amáveis, receptivas, abertas e acolhedoras.

Assim como Diafanor Ruiz.

Proprietário de uma pequena fazenda que herdou de seus pais, nos contou como ele e sua família atravessaram o melhor e o pior momento da agricultura cafeeira e como estão fazendo para recuperar o valor dessa atividade de tanta importância para o país.

cafés especiais
Conhecendo de pertinho a plantação de café de Diafanor

Apesar da qualidade indiscutível do seu produto, o valor da saca – ditado pela bolsa de valores de Nova Iorque e por todo o sistema financeiro mundial – não representava todo o esforço que ele despendia no campo.

Foi aí que começou a investir na produção de cafés que hoje costumamos chamar “cafés especiais” ou “cafés gourmet”. Segundo ele, apenas 3% dos produtores de café colombiano produzem esse tipo de produto de qualidade superior.

Para isso teve que providenciar algumas mudanças no processo, como a recuperação do solo da sua parcela com o plantio de várias espécies de árvores. A intenção é deixar os pés de cafés sombreados, uma tendência forte entre aqueles que estão preocupados em oferecer um produto com selo de amigo da natureza.

café colombiano
O processo de secagem dos grãos de café tipo Honey

Basicamente na Colômbia é cultivada a espécie Arábica e a o grande diferencial, fora as condições climáticas e geográficas específicas dessa região, é o método de colheita. Devido ao terreno acidentado toda colheita é feita manualmente, o que garante que apenas os grãos maduros serão retirados do pé.

Diafanor nos explicou que, depois de colhidos, os grãos podem passar por três processos diferentes: natural, lavado ou honey. Cada um desses processos traz características diferentes no sabor final. Em sua maioria, o Café La Promessa, produzido na La Divisa, é do tipo Honey, semi lavado, já que é despolpado antes da secagem.

[Vai aqui um breve resumos dos métodos de processamento dos grãos:

Processo Natural (ou seco): é o mais simples. Consiste em secar o fruto inteiro depois de colhido e escolhido, sem remover a casca. Ele pode ser secado em pátios, esteiras ou máquinas específicas para essa finalidade. Ao final, o café terá bastante corpo e baixa acidez.

Processo Lavado: Nesse método, depois de colhidos os frutos, a casca e a polpa são separadas dos grãos de café, que ficam recobertos pela mucilagem, uma camada viscosa rica em açúcares. Os grãos então são lavados em grandes tanques com água até que saia esse mel e só depois é levado para secagem, que pode ser ao sol, em máquinas específicas ou combinando os dois métodos. Os cafés tem menos corpo, sabores mais frutais e acidez mais intensa.

Método Honey : Nesse método, a casca e a polpa também são separadas dos grãos, mas o processo de secagem é feito sempre ao sol e sem a retirada da mucilagem que permanecem recobrindo os grãos.

O processo honey ainda é subdividido em 3 tipos: amarelo, vermelho e negro. A diferença entre eles está no tempo e métodos de secagem. O amarelo seca mais rápido; o vermelho leva um pouco mais de tempo para retirar a umidade necessária e o negro é o que leva mais tempo para secar. Os cafés Honey tem muitas notas frutais e uma acidez mais adocicada.]

Como dissemos, todos esse trabalho traz resultado diferente lá no final na hora de consumirmos essa bebida que nos fascina tanto. Mas de nada adianta tanto esforço do produtor se não adotarmos os cuidados necessários na hora da extração do líquido precioso.

Lá na Chapada Diamantina, a barista Samanta Ágata nos ensinou alguns truques na hora de fazer um cafezinho coado especial, lembram? Pra quem não leu e não viu, é só clicar AQUI para ler o relato do dia 44 da nossa volta ao mundo e clicar AQUI para assistir o vídeo.

Aqui na Colômbia experimentamos um café extraído de modo diferente. Quem nos mostrou as delícias de um café frio foi ele, Don Hernan, que possui uma linda cafeteria, a Alquimia cafe y Cocina, em Calarcá, a segunda maior cidade do Departamento de Quindio.

cafeteria
Oito tipos diferentes de café filtrado são oferecidos aos clientes da Alquimia

Ficamos impressionados com a quantidade de cafeterias nas cidadezinhas por quais passamos aqui na região da Armênia. Até na barraquinha da praça há uma máquina de café espresso! Nos bares só se vê xícaras sobre as mesas. Na Cafeteria Alquimia, por exemplo, é possível provar cafés filtrados de 8 modos diferentes!

Hernán preparou pra gente um café frio, extraído pelo método japonês onde cubos de gelo são colocados no recipiente onde o café quentinho vai sair. A bebida esfria rapidamente, mas deixa todas as notas da bebida na xícara. Perfeito pra tomar numa tarde quente com um pedaço de torta de chuchu com gengibre!

extração de café
Harmonização de café: Vinicius buscando as notas do café colombiano

Eita, chuchu com gengibre? Sim! E se você está descrente que fica bom convidamos a prepará-la em casa e depois nos contar. A receita já está em nosso Canal do YouTube!

bolo de chuchu com gengibre
Chuchu com gengibre numa versão nada sem graça!

Nessa quinta-feira de programação intensa ainda teve um almoço bem legal no centro da Armênia, na companhia de toda família Rodriguez. Era um local pequeno, simples, no centro da cidade que servia almoços executivos, a dizer, rápidos e bem servidos.

Dessa vez o que nos impressionou foi a quantidade de comida servida para cada pessoa. Tudo bem que no Peru a comida era super farta também, mas estamos falando de um almoço consumido pelo pessoal que trabalha nos escritórios e não no campo.

comida típica colombiana
Almoço para quatro!

Comer tanto e depois ter que voltar ao trabalho não deve ser fácil! Assim como não está sendo fácil manter a forma nesta aventura com tanta comida! rs

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