Dia 157 – 5 de Fevereiro – Segunda-Feira: O Café Colombiano de Inzá, Cauca

Era dia de falar sobre café e estávamos super interessados em conhecer o processo de produção na região de Cauca e finalmente poder provar o famoso café colombiano. Tomamos bons cafés em Minas Gerais e na Bahia e depois disso, só muito pontualmente, como na casa de Sônia e Guido, no Equador.

Ah, claro, ganhamos dois pacotes de excelente qualidade da Samanta, lá da Cafeteria São Benedito na Chapada Diamantina, mas já terminaram há algum tempo.

Já em Inzá, quem nos apresentou o café produzido na cidade foi o casal Andrés e Flor, que montaram há pouco uma cafeteria, a TierraAroma, bem no centro da cidade que não possui mais de 30 mil habitantes. [Assista ao vídeo da nossa visita à cafeteria, clicando aqui].

Macchiato, Espresso e Campesino
Biscoitinhos de Achira

Flor nos preparou um espresso, de sabor intenso mas suave, com acidez e sem amargor. Também preparou um macchiato, com chocolate na medida, e um campesino, típico dessas bandas, que leva além do café espresso, canela em pau, anis estrelado e rapadura. Uma combinação de chá com café bem interessante, principalmente para um dia mais frio.

E, para acompanhar o café de Inzá, Flor serviu duas bolachinhas: uma feita com café e outra bem mais curiosa. A massa é feita com achira, um tubérculo ralado, e soro de queijo. Ao que tudo indica a achira é o nosso biscoito de araruta, alguém conhece? Só que o soro de queijo dá um toque diferenciado. Muito bom para acompanhar um tinto colombiano.

Depois de provar e aprovar a qualidade do café de Inzá fomos até à Associação Cafeicultora que recebe os grãos dos produtos locais, seleciona, vende, exporta e produz a marca do café que leva o nome da cidade.

Organizados em associação os produtores de café ganharam força perante o mercado que beneficia o grão, passando a receber mais pela saca, gerando mais renda, reduzindo a pobreza e melhorando sua qualidade de vida.

Café Colombiano Inzá, tipo exportação

Não foram uma nem duas pessoas que nos falaram de boca cheia que o café produzido na região é o melhor da Colômbia. É claro que pode ter muito de bairrismo aí, mas o café torrado na hora que tivemos a oportunidade de provar no laboratório de controle de qualidade da associação era mesmo muito bom!

Notas cítricas e persistentes de maracujá e outras frutas amarelas davam uma característica bem peculiar do café produzido em alguma das fazendas de Inzá. Segundo o pessoal responsável pela prova dos cafés, a bebida dessa região é de qualidade indiscutível graças a reunião de massas de ar quente, fria e úmida que só ocorrem nesse lugar da Colômbia.

Yovanni Castillo, Presidente da Associação de Cafeicultores de Inzá

Bem, há muito o que investigarmos sobre o café colombiano ainda. Estamos só começando, mas pelo que vimos não à toa o café de Inzá está na mira dos consumidores americanos e orientais.

Mas o dia não se resumiu ao café. Antes de todo relatado acima acontecer já havíamos passado um par de horas em uma oficina mecânica. A estrada ruim do dia anterior teria sido a culpada por provocar um vazamento na bolsa de ar que fica na parte traseira direita do carro, fazendo com o que o carro ficasse muito baixo.

Depois de passamos por dois borracheiros e um mecânico que estavam fechados sem previsão de trabalhar naquela segunda-feira, encontramos Muller, com um típico macacão de mecânico, andando na estrada. Paramos e lhe perguntamos onde havia uma oficina e por sorte estava alguns passos de onde estávamos.

Muito simpático, Muller ajudou-nos a fazer o reparo na bolsa de ar e ao final não fez preço por seu trabalho… disse que déssemos a ele quanto queríamos pelo serviço.

Muller fazendo os reparos nas bolsas de ar

O que ocorreu é que depois de irmos 10 quilômetros em estrada de terra até a associação em Pedregal a bolsa do lado esquerdo começou a vazar também, inexplicavelmente. Então, quando voltamos da comunidade voltamos a procurar Muller que novamente não quis cobrar pelo serviço. É certo que todo material do reparo tínhamos conosco, mas ainda assim havia o tempo da sua mão de obra…Empatia. Simpatia. Generosidade. Muller era mais uma dessas pessoas incríveis que temos encontrado pela estrada. Obrigada papai do céu!

Depois de finalmente resolvido nosso problema com o carro voltamos à casa de Lola, onde passaríamos mais uma noite. Lá chegando um casal jovenzinho de mochileiros alemães acabavam de chegar também. Viajando há quatro meses pela América do Sul, estavam a realizar trabalhos voluntários em troca de hospedagem e alimentação. Em Guanacas iriam dar aulas de inglês para as crianças e ajudar a tomar conta da Biblioteca da comunidade que é um orgulho para os campesinos guanaquenses que não somam mais de 300 habitantes.

Que excelente experiência para esses dois jovens alemães, não é mesmo? Eles ficariam por lá por mais uns dias…já nós estávamos com as horas contadas.

Ao final do dia estávamos bem cansados, especialmente Vinicius que pegou uma gripe das brabas. É muito difícil ele adoecer, mas nessa segunda-feira a dor de garganta e a dor de cabeça o deixaram evidentemente abatido.

Preparei um chá de mel e limão e ele foi descansar. O dia seguinte seria de muita estrada pela pela frente…

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *