O restaurante que faz parte da história de Florença recontou a gastronomia local em 3 deliciosas preparações
Ele abriu as portas em 1962 e fez parte da história da elite de Florença por muitos anos. E não só. O renomado restaurante Oliviero foi a sala de jantar de políticos italianos e estrelas de Hollywood e do cinema italiano, como Fellini, Sofia Loren, Liza Minelli e Marcello Mastroianni.
Ainda que o estabelecimento não acolhesse fiorentinos de classe média, a notícia do fechamento do Oliviero anos atrás foi recebida com imensa tristeza por toda a comunidade local. Considerado um símbolo da cidade, o restaurante deixava órfãos clientes de grande calibre e outros tantos fiorentinos que cresceram ouvindo quão glamoroso era o lendário Oliviero.
Ao que conta a história, o antigo restaurante não resistiu ao tempo, a uma nova Firenze, mais moderna e menos aristocrática, mais globalizada e menos provinciana e que ao contar do TripAdvisor possui hoje mais de dois mil restaurantes avaliados.
Os tempos mudaram e a gerência do restaurante também. Entre fechamentos e inaugurações, o Oliviero respira agora novos ares. Desde fevereiro deste ano, dois jovens afiados em sua missão de conjugar comida boa e excelente serviço assumiram a antiga casa. E vêm arrancando elogios. O Oliviero é hoje o 26º melhor restaurante de Florença segundo o ranking popular mais acessado da internet.
Acolhendo a sugestão de Padrya Bucar, a guia brasileira que é apaixonada por Florença, nós fomos até a Via delle Terme conhecer o restaurante que faz parte da história da cidade.
O ambiente é espaçoso, acolhedor e elegante. Não fosse pelos rostos asiáticos nas mesas vizinhas, não se podia dizer estar em uma grande cidade turística, onde os estabelecimentos costumam empilhar mesas e amontoar pessoas.
No salão, onde a música é suave, a decoração é clássica e o clima é de tranquilidade, o jovem e atencioso Mishel Alltari comanda o serviço. Na cozinha, quem lidera a dança é Kujtim Xhaka, igualmente jovem, igualmente competente.
Em poucos minutos, Tim preparou para gente um antipasto, um segundo e uma sobremesa, pratos da cozinha tradicional, revisitados sem agredir a essência italiana.
O crostini de fígado, uma espécie de bruschetta feita no forno, foi um belo start. É um antipasto típico da Toscana, mas eu aposto que 9 entre 10 turistas fogem dele por puro preconceito. Um erro gravíssimo, posso dizer, já que nas mãos de Tim, fígado de frango, alcaparras e aliche transformaram-se em um cremoso patê com sabores muito bem equilibrados.
O crostini de fígado do Oliviero nos surpreendeu positivamente e passou a ser uma doce lembrança gustativa dos nossos dias por Firenze (€ 9,5).
para acompanhar
O segundo prato manteve o padrão do anterior e nos fez pensar que o Oliviero está no caminho certo de resgate da história de sucesso da qual já foi palco um dia. No lugar do tagliatelle com trufas, muito elogiado nas avaliações cibernéticas, fomos de pici ao sugo de cinghiali. Afinal, estamos na Toscana e é dela que queremos provar!
O pici é a massa fresca tradicional da província, um tipo de massa longa, como um espaguete, ligeiramente mais grosso e que agarra bem os sabores do molho.
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Feito com carne de javali desfiada, o sugo ganhou pinolis tostados e azeitonas Taggiasche, uma variedade de azeitonas da Ligúria que tem dimensões menores e um sabor como nenhuma outra. Textura, sabores e aromas se encontraram nesse prato levemente revisitado da cozinha toscana (14 €).
Para finalizar o passeio pela gastronomia da Toscana, Mishel sugeriu um Zuccotino revisitado, com mousse de chocolate e cerejas (8,5 €). O doce é originário de Florença e tradicionalmente é feito com alchermes, pan de Spagna e sorvete.
Contou-nos Tim que esta sobremesa é montada em um molde especial, em forma de abóbora, e por isso ganha esse nome. A versão do chef, enriquecida com morangos e amarenas, ficou bem interessante.
Alchermes é um licor italiano usado para sobremesas e preparações diversas, especialmente da confeitaria. Além de álcool, a bebida leva canela, cravo, cardamomo, água de rosas e framboesa.
Já o pan de Spagna é o nosso pão de ló, a massa de bolo esponjosa que não leva fermento. Ele foi criado no século XVIII pelo genovês Giovan Battista Cabonav em homenagem à corte espanhola e por isso, até hoje, os italianos o chamam de “Pão da Espanha”.
Enquanto Vi provava o zuccotino, eu fui de tiramisù, já que minha vontade de saborear a típica sobremesa italiana ainda não havia sido satisfeita desde que colocamos nossos pés por aqui. Pois bem, vontade satisfeitíssima, o tiramisù estava cremoso como deve ser, equilibrado no doce como eu gosto e na quantidade perfeita para sair do restaurante sem vontade de procurar uma confeitaria (7€).
Assista como foi a nossa aventura gastronômica por Florença!
O velho Oliviero não existe mais, mas ainda estão lá os ingredientes que fizeram daquele lugar o restaurante mais “bem” frequentado de Florença: serviço atencioso e comida saborosa.
Nosso muito obrigado à dupla que não mede esforços para resgatar o nome do restaurante da Via delle Terme.
[su_box title=”Ristorante Oliviero”]
Via delle Terme, 51/R
50123 Firenze, Itália
http://ristoranteoliviero.com/ [/su_box]