Terra Madre Salone del Gusto 2018: o maior evento do Mundo dedicado ao alimento acontece em Turim

Quem nos acompanha aqui pelo blog e pelas nossas redes sociais já escutou, pelo menos uma vez na vida, sobre o Movimento Slow Food. Durante a nossa passagem pelos países do continente americano, tivemos o privilégio de estar em contato com vários líderes, associados e ativistas desse movimento que tem o alimento como centro das atenções.

Na Colômbia, por exemplos, conhecemos os chefs Carlos Camacho e Mantequilla, que fazem parte da Aliança de Cozinheiros. Na Costa Rica vimos de perto como funciona o braço do movimento voltado ao pescadores, conhecido como Slow Fish, que no Caribe tem um papel importante no combate ao Peixe-Leão. Também conhecemos os chefs Andrea e Paola, na praia de Papagayo, que trabalham os conceitos de alimento justo, limpo e saudável em seu lindo Restaurante Aboccato. No México tivemos grandes lições com os protagonistas do movimento nesse país incrível. Conhecemos inúmeros restaurantes, cozinheiros e chefs que seguem o mesmo conceito, como a cozinha caseira da Hoja Azul, o Cafe Choux Choux, o restaurante Pinche y Chef, o Bistrô Naturalli, Bolicini, Merci, Parrilla del Patrón, entre vários outros.

Mas o que é mesmo Slow Food?

Bem, a tradução literal de slow food seria comida lenta, ou seja, comida sem pressa, que é preparada e degustada lentamente. Mas com o passar do tempo e a evolução da indústria alimentícia, a expressão ganhou significado bem mais amplo. Hoje, quando se fala em “slow food”, se fala de comida produzida ou preparada de acordo com as tradições locais, com ingredientes locais, naturais e de qualidade indiscutível.

Já o movimento batizado de Slow Food que acabou difundindo o conceito acima, foi criado na Itália no ano de 1986, por um grupo de ativistas liderado por Carlo Petrini. Na época, a organização tinha o objetivo de defender a boa comida, as tradições gastronômicas e, em via de consequência, combater o que conhecemos como “fast food”.

Hoje se trata de “uma organização global de base que prevê um mundo no qual todos possam ter acesso e desfrutar de alimentos que sejam bons para si próprios, bons para aqueles que cultivam e bons para o planeta”. O movimento envolve milhões de pessoas, ativistas, chefs, especialistas, pescadores e acadêmicos, em mais de 160 países.

E o que o Slow Food tem a ver com o Terra Madre?

O Terra Madre Salone del Gusto é o maior evento dedicado ao alimento do mundo e nasceu a partir da combinação de dois movimentos: o Salone del Gusto, criado em 1996 como uma vitrine para pequenos produtores e da comida de qualidade e o Terra Madre, criado como evento para reunir chefs, especialistas e pessoas ligadas à mundo da gastronomia. Em 2004, com o intuito de dar visibilidade aos produtores de alimentos que se importavam com a proteção do meio ambiente, o Terra Madre apóia a realização do Salone del Gusto e, em 2012, finalmente, dão vida a um evento único, que conta a biodiversidade de todos os continentes.

Hoje o Terra Madre Salone del Gusto é organizado bienalmente pela cidade de Turim, Slow Food e a região de Piemonte em colaboração com o Ministério de Políticas Alimentícias e Florestais da Itália.

terra madre 2018
O mercado com produtos típicos da Itália são um dos pontos altos do evento

A bandeira do Terra Madre Salone del Gusto 2018

A cada dois anos, o Terra Madre Salone del Gusto surge com uma nova proposta, uma nova mensagem, uma nova ideia a ser discutida e levada a diante.

No ano de 2016, por exemplo, a campanha teve como tema central o “amor pela terra”, num debate sobre o significado de ser agricultor, estimulando o público a fazer seu próprio jardim, a começar a cultivar sua própria comida e a entrar em contato com nossas raízes.

Já nessa décima segunda edição, a escolha do tema do evento quis deixar claro que é hora de mudanças, é hora de uma revolução no sistema alimentar. Food for change é o tema da campanha internacional que o Slow Food lança com a principal intenção de alertar sobre o atual sistema de produção de alimentos e a relação com o aquecimento global.

Para a mudança acontecer, o movimento convoca a todos nós consumidores a assumirmos nosso papel de protagonistas do processo de produção, através das nossas escolhas diárias de consumo.

Terra Madre 2018
Biodiversidade cultural, racial e de gênero no maior evento do mundo sobre a comida

O Terra Madre em Números

Os números contabilizados na última edição do Terra Madre, ocorrido em 2016, dão uma noção do que queremos dizer com “o maior evento mundial dedicado à comida”.

Na décima primeira edição, 1 milhão de pessoas estiveram presentes em 5 dias de evento. Eu disse 1 milhão de pessoas!! Foram 900 expositores de 100 países diferentes.

Mais de 7 mil associados ao Slow Food e representantes de mais de 143 países se fizeram presentes no evento.

Para atender todo o público, o evento contou a ajuda de 1.000 voluntários.

Terra Madre 2018
Além de assistir palestras e debates é possível degustar produtos típicos do mundo inteiro no Terra Madre

O que acontece no Terra Madre 2018

O coração do evento acontece em Lingotto Fiere, antiga sede da Fiat que se trasformou em Centro de Eventos. 

Um grande pavilhão, chamado Salão Oval, abriga as delegações de todos os cinco continentes. Lá é possível conhecer ingredientes e preparos de países como São Tomé e Príncipe, Filipinas, Equador, Índia, Afeganistão e Taiwan, só para citar alguns exemplos.

Outros 3 pavilhões estão recheados de expositores italianos que trouxeram os produtos típicos de cada cantinho da bota. Queijo peccorino, cannoli, azeites de oliva, pestos, cremes de avelã e pistache – entre outra centena de produtos – podem ser degustados nos stands que parecem não ter fim (e você torce para não acabar mesmo).

Além dos produtos à exposição e à venda, em cada pavilhão há um espaço dedicado ao debate de assuntos importantes como as sementes, o consumo consciente da carne, os insetos e a alimentação saudável. 

Ao tempo que tudo isso acontece em Lingotto Fiere,wokshops são ministrados em todos os cantos do evento com chefs de cozinha e profissionais de todos os segmentos da gastronomia.

No espaço externo, food trucks e cervejarias artesanais estão prontos para receber o público faminto por informação e boa comida.

Terra Madre 2018
Debates sobre assuntos importantes voltados ao alimento acontecem durante todo o dia, todos os dias do evento

[su_note note_color=”#cfd1b0″ class=”Informações Importantes”]A entrada custa 10 Euros e dá acesso ao evento principal até o horário de encerramento. A partir das 18 horas, o ingresso custa a metade, 5 Euros.

Para crianças de 0 a 12 anos, com mais de 70 anos e para pessoas com deficiência, o ingresso é gratuito.

Algumas atividades são cobradas a parte, como nos Workshops de Degustação.

Os ingressos também podem ser comprados pela internet (por um custo adicional), o que é super aconcelhável para quem não quer pegar as enormes filas.

Horário: O evento acontece de quinta a domingo das 10 às 24, segunda-feira das 10 às 19.

Algumas atividades podem encerrar mais cedo.

Para maiores informações, acesse o site: salonedelgusto.com/home/orari-e-biglietti/[/su_note]

 

 

2 Comentários

  1. Que espetacular matéria, parabéns meus conterrâneos de Blumenau/SC.

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