Depois de uma semana na cálida Cidade do Panamá, pegar estrada e seguir a um destino de clima mais ameno nos parecia uma excelente ideia.
Há umas duas horas da divisa com a Costa Rica, Boquete é a cidade de nome engraçado para nós brasileiros, e um dos destinos mais procurados no país pelos aposentados americanos e europeus. Com um pouco mais de vinte mil habitantes, o clima agradável e o sossego atraem os gringos que querem curtir a terceira idade de uma forma mais tranquila.
Por ironia, fomos ao encontro de um casal de imigrantes, mas que ainda levam tempo para se aposentar. A colombiana Caroline e o italiano Daniele se conheceram na Colômbia e resolveram trabalhar e viver no Panamá. Há dois anos abriram o Restaurante Colibri e depois do primeiro de ano de muita turbulência, alcançaram posto entre os melhores restaurantes da cidade.
Não se engane. Apesar de pequena, a cidade conta com inúmeros estabelecimentos alimentícios e estar entre os melhores é fruto de esforço e dedicação.
Por que uma cidade tão pequena tem tantos restaurantes?
A resposta chama-se Barú, a mais alta montanha do Panamá que na realidade é um vulcão inativo, a 3.474 metros de altitude. Turistas do mundo todo vem a região para subir a montanha e poder apreciar, ao mesmo tempo, os oceanos Pacífico e Atlântico.
Então já viu né? Apesar de pequena, a cidade é cheia de turistas! Por uma questão de procura, os restaurantes acabam ofertando mais pratos da cozinha internacional do que da nacional… infelizmente!
No Colibri a coisa não é muito diferente. Entretanto, segundo Daniele, 90% dos produtos utilizados em sua cozinha são provenientes dos pequenos produtores da região. O percentual é bem alto em se tratando do Panamá, que quase não produz alimentos, importando a maioria do que consome, como já relatamos por aqui.
Realmente nos parece que essa prática só é possível nesse parte do país. A província de Chiriqui é a grande produtora de alimentos do Panamá e abastece todo o território nacional e pudemos ver isso na prática! Nas seis horas cruzando de carro o país, não encontramos cultivo de nenhuma espécie ao longo do caminho!
Já na região de Boquete, o clima mais ameno propicia a plantação de alguns produtos. O café é que merece maior destaque. A produção não é grande, mas a qualidade tem chamado a atenção dos grandes consumidores da bebida. Em meados de 2017, a libra de um café geisha cultivado nessa região do Panamá foi vendido pela bagatela de U$601,00 em um leilão on line!!
Não foi dessa safra, nem da mesma fazenda, mas certamente tinha muita qualidade o café que o chef Alexandre Manrique, que comanda a cozinha do Colibri, utilizou para preparar o Mil Folhas desconstruídas (U$7) que devoramos logo depois de provar a porchetta (U$12), também receita da casa.
A carne de porco assada veio acompanhada de pão artesanal feita no restaurante que homenageia a cozinha italiana, terra natal de Daniele. Berinjelas, mostarda e cebola agridoce compunham o prato.
Já o mil folhas tem um pezinho na Itália, mas outro no Panamá. Na composição do creme que intercala as “mil folhas”, vai mascarpone, nutella, rum abuelo (marca panamenha) e café.
Nibs de cacau cultivado em Bocas del Toro davam ainda mais crocância à sobremesa que veio seguida de um rico café panamenho. Delícia!
Confira como foi nossa visita ao Restaurante Colibri: