Dia 194 – 14 de março – Quarta-Feira: Cozinha de Autora no Panamá

Conhecendo a arte culinária da Chef panamenha Patrícia Miranda Allen.

Patrícia Miranda Allen. Panamenha. Cozinheira. Dona de restaurante. Professora de culinária. Ativista. Inquieta. Em um lugarzinho especial do interior do Panamá conhecido como Vulcán, ela nasceu, cresceu e depois de anos vivendo em outras partes do seu país e do mundo, ela voltou para se dedicar ao ofício que aprendeu na prática.

Patrícia Miranda Allen
Patrícia e as histórias da cozinha panamenha

Patrícia é daquelas mulheres que não tem papas na língua, que enfrenta o que julga incorreto, que procura fazer algo para transformar o mundo no lugar de se acomodar. Foi assim que ela nos foi descrita por um casal de amigos e assim que a conhecemos em quatro horas de convívio ao redor da mesa, na cozinha e na horta que cultiva atrás do Cerro Brujo.

Qualquer um pode fritar um ovo, mas nem todo mundo consegue deixá-lo saboroso ainda que para isso não precise mais do que uma pitada de sal. Cozinhar exige talento para combinar temperos, alimentos, técnicas e texturas. Patrícia simplifica:

“A natureza é perfeita”, exclama, “só precisamos juntar os elementos“, completa.

Depois de pedir a um de seus funcionários que colhesse folhas fresquinhas da horta, a magia da combinação dos alimentos começou. Em cinco pratos, Patrícia nos mostrou que sabe fazer isso muito (muito!) bem:

Como entrada, serviu sopa de feijão com berinjelas assadas e cebolinha fresca. Você não leu errado, não! É feijão com berinjelas! Inusitado, não? E delicioso. A berinjela assada dá um sabor defumado ao creme de feijão…hum salivo só de lembrar!

Patrícia Miranda Allen
Delícia chamada de sopa de feijão com beringela e chicória

Em seguida nos trouxe chips de banana com creme de queijo seda, mesclado com casca de laranja, azeite de oliva, rabanete, flor de coentro e kombucha (U$8). Muita coisa num prato só? Hum, pode ser. De verdade o que fez diferença no prato, além do visual incrível, foi a textura leve do queijo e o azedinho da kombucha.

[Pra quem nunca ouviu falar de kombucha, uma rápida explicação. É uma bebida fermentada a base de chá adoçado, geralmente chá verde ou preto. No final do processo a bebida ganha um sabor um pouco frisante e um monte de bactérias benéficas ao sistema imunológico e digestivo (pelo menos é o que dizem!).]

Patrícia Miranda Allen
Queijo “seda” com kombucha

Seguimos provando Salada de alfaces, couve, cebola e morango ao molho de kefir, tomate amarelo natural, cenoura e beterraba desidratadas. Parece comida de astronauta? Parece, mas se eles comem isso eles estão bem, viu? A beterraba e a cenoura em “pó” ficam com o sabor concentrado e na companhia das folhas e do tomate amarelo docinho ficaram uma delícia! Um verdadeiro banquete pra quem não torce o nariz para os legumes e hortaliças!

Patrícia Miranda Allen
Beterraba e Cenoura desidratadas? Alguém aí já provou?

Peixe amberjack em crosta de gergelim, cebola caramelizada com dill e flor de amaranto (U$13,50): o peixe estava no ponto, o sabor estava muito bom, mas a combinação da cebola caramelizada com o dill, ai, ficou demais!

A sequência de pratos foi perfeita, ainda mais porque teve um início e um fim brilhantes: primeiro veio a sobremesa (adoro quando a sobremesa inicia os trabalhos!). E por fim degustamos uma xícara de um rico café panamenho.

sorvete
Sorvete de Tomate de Árbol, entre os melhores da viagem até agora!!

Detalhe, nem todos os pratos estão no menu escrito em uma lousa disposta aleatoriamente em algum canto do Cerro Brujo. O cardápio muda constantemente a depender do que há na horta. Para saber quais pratos serão servidos no dia, você deve ir pessoalmente ao restaurante ou interagir com Patrícia por telefone ou pelas redes sociais. Ela te atenderá com o maior prazer.

[Confira nossa passagem pelo Restaurante Cerro Brujo!]

Depois dessa jornada pelos sabores frescos e orgânicos de Vulcán fomos até o refúgio de Bobby, apenas alguns quilômetros do restaurante de Patrícia. Estávamos na companhia do nosso amigo chileno Luis, quem não víamos desde o início de janeiro, ainda lá no Peru! Luis foi convidado a ficar no refúgio e estendeu o convite pra gente.

Chegando lá conhecemos o anfitrião, que tem um espaço montado só para receber viajantes que cruzam as Américas. Isso não é pra lá de sensacional? Ele costuma receber motociclistas, já que faz parte dessa tribo. Nas paredes do refúgio há registro de viajantes de todas as partes do mundo.

A vida na estrada registrada nas paredes do refúgio Mamao

Depois que nos apresentamos e falamos do nosso projeto, Bobby, que adora cozinhar, se entusiasmou e decidiu nos mostrar suas habilidades culinárias. Preparou um prato bem típico do Panamá, o Guandu, uma espécie de feijão de cor verde. O Guandu é misturado ao arroz, como no gallo pinto.

Não temos registro do prato, infelizmente. Já da conversa com Bobby e Luis temos registro na memória e recordaremos sempre que virmos um motociclista solitário viajando pelas estradas desse mundão.

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