Partilhamos uma última refeição junto à família de Saulo: um delicioso café da manhã com vista para o Rio Tapajós.
Às 8:30 horas partimos para a cidade para tratar sobre a balsa que nos levaria até Manaus. É possível chegar até lá por terra, mas o caminho é difícil, longo e fazer o trajeto de barco tem sua graça. Não queríamos perder a oportunidade de fazer nosso primeiro “cruzeiro”. rs
Antes de chegarmos ao Porto, passamos no Mercado para abastecer nossa geladeira.
Por volta das dez estávamos lá em busca de alguém que pudesse fazer um preço camarada para embarcarmos no barco que sairia às 13 horas.
Felizmente, em meia hora estava tudo resolvido e já tínhamos ganhado liberação para entrar com o carro no Porto.
Nos dirigimos ao local onde embarcam os carros mas tivemos um problema. Não havia espaço suficiente para manobrar nosso carro (que é um pouco maior que os carros convencionais) que garantisse a entrada com segurança pelos pranchões.
Tivemos que aguardar. A solução seria entrar pelo ponto onde havia uma diferença menor de altura entre o o cais do porto e o barco. Entrar por esse acesso, porém, requereu um pouquinho de paciência…mais exatamente umas duas horas até que todos os caminhões (que a essa altura já somavam cinco) descarregassem todas as mercadorias (a grande maioria frutas) que também seriam transportadas no barco.
Já passava do meio dia quando embarcamos. O calor não dava trégua e tomar uma cerveja depois de toda aquela espera e apreensão para ver como colocaríamos o carro dentro do barco pareceu-nos uma ótima ideia.
Demos um giro pelo barco até chegarmos ao Bar, no último andar, e dividimos uma única latinha de cerveja. A aventura por mar, tão ansiosamente esperada, iria começar! Bem, mais ou menos isso. O barco só partiu às 15:30 horas da tarde!
Pelos comentários, o atraso se deu por conta de um conserto necessário ser feito antes da partida. Enquanto mantínhamos o bom humor e observávamos tudo atentamente, alguns passageiros começavam a se irritar. O comandante tentava controlar os ânimos do pessoal, mas uma passageira quis sair e exigiu reembolso.
Como não tínhamos pressa (rs), relaxamos e aguardamos o barco partir lendo e escrevendo essas linhas.
Nossas primeiras horas a bordo foram sentados em cadeiras plásticas no convés com ar condicionado, ao lado dos santarenses e amazonenses confortavelmente deitados em suas redes.
Estávamos nos ambientando àquele cenário que parecia ter saído de filme, mas que de ficção não tinha nada. Logo percebemos que éramos os únicos com livro, papel e caneta nas mãos. Os habitantes do redário manipulavam um outro artefato muito tradicional (também) por lá: o celular. Tomadas estão disponíveis logo acima das redes próximas as ganchos que serviam ainda para pendurar as toalhas úmidas pós banho.
Bem lembrado! Os passageiros comuns, isto é, aqueles que ficam nas redes e não em camarotes, tem a sua disposição chuveiros que ficam juntos aos sanitários. Quando digo juntos quero dizer no mesmo compartimento. Não é um banheiro de hotel 5 (nem de duas) estrelas como você pode imaginar, mas é muito mais limpo do que o banheiro do hostel em que pernoitamos dias atrás.
A tarde passou voando e a noite chegou.
Pelo auto falante, anunciaram que o jantar estava servido e que duraria apenas uma hora. Curiosa, fui até o refeitório para ver o que serviam, achando se tratar de um PF. Surpresa. A comida era a quilo (R$33,50Kg) e havia até uma variedade considerável de comida simples e aparentemente muito boa.
Assim que o jantar acabou e quase não era mais possível ver o rio, a oração da família tomou conta do alto falante. Na reza, agradecimento pelo dia que passamos e o pedido de proteção às nossas famílias.
Nós, que havíamos forrado a geladeira da nossa casinha, não jantamos no barco. Fizemos um sanduba no carro mesmo. Simples, muito simples, mas a lua minguante no céu e o Rio Amazonas na frente de nosso para-brisa tornava tudo muito especial.