Dormir em postos de gasolina tem seus prós e contras. Se você não é caminhoneiro, overlander ou aventureiro nunca deve ter passado por essa experiência que pode ser bem – digamos – interessante.
Se você pensa em fazer isso algum dia, aqui vão 10 dicas de quem já faz isso há quase um ano e em postos de vários países diferentes. As dicas servem para todos os postos do Brasil e do continente americano como um todo, mas vamos atualizando o post sempre que nos depararmos com novas situações que possam acrescentar algum item na lista abaixo:
- Procure postos que funcionem 24 horas ou ao menos que tenham segurança durante toda a noite. Além de ter sempre alguém de olho no seu carro, é quase certo de que o banheiro estará aberto durante à noite;
- Sempre pergunte ao frentista se você pode pernoitar e onde pode estacionar. Isso reduz a chance de você ter que tirar o carro do lugar depois que você já montou acampamento;
- Antes de estacionar pergunte também se haverá algum custo. Em alguns postos deixarão você ficar de graça, outros cobrarão um preço fixo. Alguns exigirão que você encha o tanque ou só dê uma caixinha voluntária ao segurança ou frentista da noite.
- Confira se há chuveiro disponível. Se essa for uma questão importante para você, pergunte também se há água quente.
- Atenção mulheres: muitos postos só terão chuveiros para homens ou não haverá separação por sexo. Se isso for um problema, não deixe de verificar antes de decidir ficar no posto.
- Dependendo do seu grau de intolerância com a sujeira, é importante ainda que você dê uma conferida no banheiro antes de decidir parar por ali, independentemente de ser pago ou não. Em alguns dos postos mais limpos que já fomos o serviço era gratuito. Também já pagamos para usar banheiros não tão cheirosos.
- Verifique com o responsável se os serviços de banho estão incluídos no custo e o “horário de funcionamento”. Pode acontecer de fecharem o banheiro durante a noite. Podem cobrar também para usar tanto o banheiro, como o chuveiro ou os dois.
- Não confie 100% nas informações que você encontra nos aplicativos de overlanders. De uma hora pra outra o dono do posto pode proibir a prática ou começar a cobrar para pernoitar.
- Para evitar ao máximo o barulho, estacione em um lugar longe do movimento dos caminhões e também dos sanitários, mas fique perto o suficiente para não sair da área de visão dos frentistas.
- Estacione perto de algum caminhão que já esteja no local. Terá menos chance que você se incomode com o barulho de um deles chegando para estacionar ao seu lado durante a noite.
O posto de combustíveis em que dormimos na noite passada era muito movimentado. Havia uma área específica para os caminhoneiros estacionarem e pernoitarem sem custo. Também havia chuveiros com uma boa estrutura e uma sala com mesas, sofás, televisão, jogos e microondas. Tanto o chuveiro como o banheiro eram pagos e um guarda vigiava o local.
Quando tudo parecia estar perfeito, percebemos que teríamos um pequeno inconveniente: barulho. Como fazia um pouco de calor, os caminhoneiros deixavam o motor ligado para dormirem com o ar condicionado. A gente tem o sono pesado, então conseguimos descansar mesmo assim. Mas pra quem tem o sono leve isso pode ser bastante desagradável.
Bem, era dia de seguir viagem, mas tínhamos algumas pendências importantes a resolver. Depois de percorrer boa parte do território mexicano, era hora de cuidar da manutenção da nossa casinha. Assim, aproveitamos que estávamos em uma cidade grande e bem servida de lojas e oficinas e fomos ao centro de Mazatlán para trocar o óleo do motor e também para fazer a rotação dos pneus.
Entre passar em três lojas diferentes para comprar as peças e produtos, ir numa quarta para fazerem o serviço e voltar numa das lojas para trocarmos o filtro que nos venderam errado, já eram duas e meia da tarde.
Nosso almoço acabou sendo pequenos burritos magricelos em uma vendinha ao lado do pedágio. Eram tão mirradinhos os tacos que nem parecia que estávamos no México. Aliás, 99% dos mexicanos teriam vergonha de servir aquilo, mas 1% resolveu se aproveitar da falta de concorrência na rodovia para vender comida ruim a um preço injusto.
Eram três e meia da tarde quando saímos em direção norte. Pegar estrada a essa hora não faz parte das nossas regras, mas a sorte é que, mais uma vez, nosso anjo Alejandra nos salvou.
Um dos irmãos da nossa querida “mãe” mexicana mora em Culiacán, há três horas de Mazatlán. Foi pra sua casa que nos dirigimos, depois de falarmos com ele por telefone. Só ouvindo sua voz, sentimos a simpatia e a generosidade em pessoa. Uma coisa realmente incrível! Salvador não estava em casa, estava viajando, mas nos cedeu seu apartamento pelo tempo que quiséssemos.
Quando chegamos em Culiacán, demos uma passadinha no mercado e logo fomos pegar as chaves do apartamento. Lá nos acomodamos, fizemos um jantarzinho e fomos descansar.
No meio disso tudo, fica a pergunta: Assim como Jerry em Guadalajara ou Salvador em Culiacán,
“você cederia seu apartamento com todas as suas coisas a dois estrangeiros desconhecidos que viajam de carro pelo mundo?”
Ok, quanto a Jerry, já o havíamos conhecido pessoalmente (ainda que em apenas uma conversa que não durou mais que uma hora). E, no caso de Salvador, sabemos que Alejandra falou da gente pra ele, sobre o nosso projeto, que já ficamos na sua casa e tal. Mas mesmo assim, ceder a sua casa é um baita gesto de bondade não é não?
Somos verdadeiramente gratos por essas pessoas abrirem as portas de suas casas e nos acolherem como se fôssemos da família. Pra gente é a prova de que o mundo é um lugar bem melhor do que imaginávamos antes de sair de casa ou que passa na TV. Que o universo lhes retribua em dobro todo seu gesto de carinho.
Nossa que legal, venham conhecer o interior de minas gerais também, conhecer nosso famoso queijo minas artesanal. Moro em brejo bonito aqui é distrito de Cruzeiro da fortaleza. Entre patos de minas e Araxá. Minha casa está de portas abertas para vocês.