Dia 324 – 22 de julho – Domingo | Desejo do dia: salada, frio e sossego

Culiacán ficou pra trás às 7 e meia da manhã, depois de deixarmos as chaves do apartamento de Salvador com sua cunhada Conchi.

Pegamos estrada rumo ao norte com previsão de pararmos só no final da tarde. E assim foi durante todo o domingo que teve seus altos e baixos.

O calor nos acompanhou de Sinaloa até Sonora e nos fez pedir por frio algumas vezes. Tudo não passava de um desejo irreal, porém, já que o verão chegou e ainda vai nos acompanhar pelo mês de agosto.

Por outro lado, outro desejo mais factível se tornou realidade poucos minutos depois de o jogarmos ao universo. Ficamos falando sobre a nossa vontade de comer uma salada, com folhas verdes e legumes bem gostosa. Apesar da comida no México ser deliciosa, salada não faz parte do cardápio usual. Pois foi quando estávamos procurando por um lugar para almoçar que vimos uma faixa bem grande escrito “ensaladas”. Ficamos tão felizes quanto criança ao encontrar uma sorveteria.

Era um lugar estilo subway mas com várias opções para você montar sua salada. Cada um pediu uma a seu gosto. A porção era tão grande que serviu para o jantar e ainda sobrou para o dia seguinte.

desejo do dia
Estrada boa na divisa entre Sinaloa e Sonora
desejo do dia salada
A bacia de salada vem na mesa! Alface, frango, azeitonas, repolho roxo, uva e croutons pra nos fazer feliz.
desejo do dia salada
Salada para três dias: desejo realizado

Durante o caminho fomos estudando onde passar a noite. Em um dos aplicativos mais usados pelos viajantes, o ioverlander, não encontrávamos boas opções pelo caminho. A razão, cremos, é por se tratar de um trajeto pouco atrativo. Para quem sobe aos EUA outras duas opções são geralmente mais usadas para quem faz uma road trip. A primeira é passar por Baixa Califórnia e a segunda é passar por Monterrey e entrar nos EUA pelo Texas. Nós fizemos o caminho pelo centro do país, uma região mais desértica e relativamente mais perigosa. Por que?

Bem, primeiro, como já comentamos, a balsa de Mazatlan a Laz Paz não estava operando; segundo, a balsa que saía de Topolobampo a Laz Paz não era financeiramente interessante porque teríamos que pagar o ferry e percorrer mais quilometragem; a estimativa de gasto com diesel e pedágios era consideravelmente menor pelo deserto, assim descartamos Baja Califórnia e toda a orla turística de Los Cabos. Além disso, o caminho até o Texas nos deixaria muito longe da Califórnia, nosso ponto de partida para o nosso projeto nos EUA.

Assim é que fomos parar em Hermosillo, um cidade grande, quente, extremamente quente, depois de dirigir todo o dia.

Como estava o meu pé? Pior de quando saímos pela manhã. O calor não ajudava muito e ao final do dia parecia um pãozinho de tão inchado. Mas isso não era problema.

Problema era o calor e o posto de gasolina que paramos para passar a noite. Pagamos 30 pesos cada um para tomarmos banho. Depois tentamos nos acomodar em um canto do enorme pátio abarrotado de caminhões. Uma sombra era providencial, mas ela não dava conta do calor que vinha do asfalto e do vento quente.

A situação incômoda era provisória, entretanto. Assim que o sol baixar vai ficar mais agradável, pensamos. Mas mesmo quando o sol já estava indo embora eu seguia bem incomodada com aquele lugar. Muita gente circulando, muitos pedintes, muitas pessoas mau encaradas. Era um tal de chegar e sair carro. Olhares estranhos em nossa direção. Definitivamente nos sentimos super incomodados e acho que tomamos a decisão mais acertada.

Saímos de lá e fomos buscar outro local para passarmos a noite. Pensamos em ficar em algum hotel, mas no caminho encontramos um outro posto, 24 horas, super tranquilo e praticamente sem ninguém.

O calor ainda estava lá, e apesar de não haverem outros caminhões, a sensação de segurança era muito maior. Horas depois apareceu um caminhoneiro que nos deu ainda mais certeza de termos feito a coisa certa. Disse que ali era muito mais seguro que o outro posto e ainda nos apresentou ao responsável pelo lugar que nos ofereceu acesso ao chuveiro e ao banheiro dos funcionários.

E foi enquanto o gentil mexicano nos dava as boas vindas, um trailer apareceu por lá. Era um casal de argentinos que havia comprado seu motorhome os EUA e iria fazer a rota inversa, até a Argentina.

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Amigos argentinos: vizinhança segura no posto de gasolina

Pronto, estamos tranquilos e com boa vizinhança. Agora sim podíamos descansar em paz. Era hora de dormir e recarregar as baterias para o dia seguinte que teria muito mais caminho pela frente.

2 Comentários

  1. Parabens por estarem viajando ainda …quanto aprendizado!!!
    Muita força e entusiasmo na caminhada.
    DEUS acompanhe sempre.bjs

    1. Author

      Sim, muito aprendizado Maria. Aprendemos algo todos os dias!! Obrigada por viajar conosco! Grande abraço!

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