Dia 171 – 19 de Fevereiro – Segunda-Feira: Guajira, comida típica com um pezinho na Venezuela

Saímos depois das oito da manhã de Palomino, assim que tomamos um cafezinho com Carol e Carlos. Antes de deixar a cidade passamos na venda dos fritos de Vera e levamos uma arepa e um “dedo de queijo” para comermos no caminho.

Uma hora e meia depois chegávamos em Riohacha, no extremo oriente colombiano, quase fronteira com a Venezuela.

Assim que chegamos na cidade pudemos perceber a proximidade com o país de Maduro. Muitos carros venezuelanos, muita gente no semáforo vendendo de tudo.

A cidade de Riohacha possui mais de 250 mil habitantes, tem praia de mar azul, gente sorridente ouvindo salsa nas ruas e gastronomia bem distinta do resto do país.

Quem nos contou um pouco da história da cozinha dessa região foi José “Mantequilla”, chef e professor em Sena, a escola técnica profissionalizante da Colômbia. Segundo ele, a pontinha colombiana sempre esteve mais ligada ao país vizinho que à própria Colômbia. O acesso à Venezuela era muito mais fácil, mais perto e menos custoso que ir a outros departamentos colombianos.

Assim, os habitantes de Guajira costumavam consumir queijos, salames, industrializados e frutas que vinham, nos tempos de bonança, da Venezuela. Hoje, com a triste realidade que enfrentam, nada mais – além dos próprios venezuelanos em busca de trabalho – atravessam a fronteira.

Por um lado, isso tudo acabou aproximando essa região do restante do país, mas a culinária continua se identificando mais com aquela oferecida na Venezuela.

Bem, depois de uma explicação rápida sobre a cozinha Guajirense, Mantequilla nos levou a conhecer “in loco” os principais personagens da gastronomia de sua cidade. Primeiro conhecemos Maria e o local onde prepara refeições típicas para os que querem comer ali mesmo, em uma mesa compartilhada, ou levar para casa.

O “restaurante” da Dona Maria

No cardápio sempre há arroz com camarões, eleito pelo chef como um dos pratos mais emblemático de Riohacha. O arroz é feito com o caldo das cascas dos camarões, que são secos e não frescos. Nada além dos pequenos camarões secos, o caldo de camarões e um pouco do sal é colocado no preparo.

 

E nem precisa mesmo.

O caldo é suficiente para colorir e dar gosto ao grão consumido em toneladas por todas as partes do mundo.

Mas Maria nos ofereceu mais: no prato ainda veio Friche, comida de origem ancestral indígena, super popular nesse Departamento. O friche é feito com carne e vísceras de cabrito jovem que são cozidas e depois fritas. Por vísceras leia-se coração, pulmão, fígado, rins, etc.

Salpicón de pescado: peixe moído e temperado. Bem mais gostoso do que parece!

Mas não acabou por aí. Ainda teve cabrito ensopado e salpicón, uma espécie de peixe cozido e desfiado, bem temperado e saboroso. O peixe escolhido era Bonito e trazia um sabor de atum muito gostoso.

Sim, tudo isso estava no mesmo prato: arroz com camarão, salpicón, friche e cabrito ensopado. Não é pra qualquer estômago, não é mesmo?

Vinicius degustando os prato típicos de Riohacha

Saindo de lá fomos conhecer o mercado público da cidade, onde se encontra de pilhas e camisetas a frutas, especiarias, peixes e carnes, tudo exposto daquele jeitinho que já vimos nos mercados na Paraíba, no Ceará, em Manaus, no Peru, no Equador… dentro dos Mercados Públicos a América do Sul parece ser uma só!

Ah, adivinhem, encontramos jambo, pupunha e caju na Colômbia! Não é mesmo muito parecido com o Brasil?

No Mercado de Peixes!

É claro que eles tem também suas espécies nativas, como a Cardón, uma fruta vermelha como beterraba, cheia de sementinhas como a graviola e de sabor que lembra um kiwi com ameixa. Ela é totalmente silvestre, nasce em um cactus, é cheia de espinhos e só os indígenas a colhem e vendem no mercado.

Outro produto típico dessa região é o feijão Pirujüi, um grãozinho minúsculo e verde que mais parece uma miçanga de bijuteria. Esse, infelizmente, não provamos…por falta de tempo!

É que à noite nosso tour gastronômico continuou com muito mais sabores: arepas variadas (fritas, de queijo, de maíz morado, etc…), carimañolas (empanadas de mandioca), chica, mazamorra…

Carimañola recheada com carne ao valor equivalente a R$1,30.

Ufa! Foi um recorrido e tanto pelas ruas dos bairros de Riohacha atrás das delícias que são vendidas, na maioria das vezes, na varandas das casas. Naquele clima de cidade de praia, com vento fresco soprando, a noite cai e as “vitrine”, como chamam, são colocadas na frente das casas oferecendo todas essas iguarias. Uma delícia de tradição!

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