Não é exagero dizer que a Arepa é o pão do colombiano. E dizemos isso não só pela oferta de arepas nos restaurantes (seja como entrada ou como acompanhamento), senão pela quantidade de pequenas vendas que encontramos oferecendo esta deliciosa invenção da humanidade.
Independentemente do Departamento, por toda Colômbia se encontra algum tipo de arepa…umas mais simples, outras mais incrementados, recheadas, assadas, fritas, feitas de milho branco ou amarelo. Há quem diga que é que possível fazê-la também com maíz morado, o milho escuro dos Andes… ainda não as encontramos.
Pois bem. Depois de percorrermos a Colômbia do Sul ao Norte e de termos vistos algumas variações de Arepas, chegou o dia conhecer a versão de Vera Gutierrez. Com a ajuda de sua filha Patrícia e de toda família, a senhora que já trabalhou no campo e que encontrou na cozinha sua verdadeira habilidade, produz arepas com vários recheios diferentes além de produtos diferenciados com massa a base de lentilha ao que ela chama “Kibe”.
A cor do “kibe” de fato se parece muito com a versão árabe, porém, nas mãos de Vera ele ganha uma seleção de vegetais que o deixam super nutritivos. Cenoura vagem, cebola, pimentões se mesclam à massa feita de lentilhas cruas e moídas após deixadas de molho de um dia para o outro.
Tanto o kibe quanto as arepas são fritas e por isso os chamam aqui, de forma genérica, “fritos “. Para os veganos, eles vem recheados com legumes. Para os demais, recheio de ovos, pescado, camarões, frutos do mar, frango ou carne.
A mais vendida, segundo Vera, é a Arepa recheada com ovos. Depois da massa frita, por um pequeno orifício é despejado um ovo inteiro, cru, com um pouco de sal e colocada novamente para fritar. A massa sai crocante por fora e macia por dentro, mesclando-se com o ovo frito.
Dentre aquelas que tivemos oportunidade provar (eram muitas variações e levaríamos uma semana para experimentar todas!) a de queijo nos deixou salivando! O queijo não vem no recheio senão é acrescentado à massa da arepa, feita com o milho (duro, não jovem) cozido e moído. O queijo é fresco, feito pela própria Dona Vera, que ainda utiliza o soro do leite do queijo para fazer um molhinho para acompanhar a arepa. Nada é desperdiçado.
Há oito anos morando em Palomino, é das arepas que Vera sobrevive e coloca comida na mesa em que senta toda sua família. Ainda que dificuldades tomem conta do seu dia-a-dia, como a falta de energia elétrica (como aconteceu no dia em que a visitamos), o turismo crescente nessa região fazem o seu pequeno negócio prosperar no quintal da sua edícula.
Além das encomendas dos locais, uma pequena venda coloca seus produtos na vitrine da Tienda Santa Bárbara que fica na Calle 6, a principal (e talvez única) estrada do Povoado que dá acesso à praia. Por aí, centenas de pessoas passam todos os dias e logo chega alguém pedindo para embalar uma, duas ou três arepas de Vera.
E assim ela segue seus dias, fazendo arepas pela manhã e pela tarde, com a ajuda de Patrícia que já se encarrega de fazer o mais pesado.
Os nossos dias?
Tem sido cada vez mais abençoados…com pessoas que carregam a paixão pelo que fazem com inspiração maior para continuarmos nessa nossa missão de divulgarmos suas histórias.
Passamos o resto do domingo em Palomino. Em resumo, trabalhamos, caminhamos na praia lotada de turistas, tomamos um suco de tomate de árbol e, a final do dia, jantamos demoradamente no “Suá Palomino”.
Assista como foi nossa visita a casa da Dona Vera!