Dia de combate ao desperdício de alimentos no México (e no mundo inteiro)
Mais de um terço da comida produzida no mundo é jogada fora. O dado alarmante é resultado da má gestão e má distribuição dos alimentos… tudo consequência do consumismo desenfreado, dos padrões estéticos impostos para os “alimentos comercializáveis”, da falta de consciência dos consumidores em relação aos custos, energia, recursos naturais empregados no cultivo dos alimentos e principalmente do esforço laboral necessário para sua produção.
Nesse dia vinte e oito de abril, o movimento mundial organizado pelo Slow Food Youth Network, um braço do movimento Slow Food Internacional, reuniu pessoas dispostas a combater esse desperdício em 40 países, nos cinco continentes.
Os organizadores e participantes da iniciativa visitaram restaurantes, supermercados e fazendas e recolheram todo alimento que iria parar no lixo. Um tomate “feio”, uma abóbora machucada, um abacate amassado na caixa. Tudo aquilo que poderia ser aproveitado sem colocar em risco à saúde humana. A ideia então foi preparar os alimentos e distribuí-los gratuitamente à população como forma de chamar atenção pra esse problema mundial.
Em Tulum, no México, o Disco Soup Day teve a participação especial de crianças de uma escola do ensino público e foi um sucesso. Em razão dos trâmites demorados na fronteira entre Belize e México, chegamos quando já passava das quatro da tarde, já quando a comida ia começar a ser servida. Uma montanha de alimentos foi recolhida nos mercados da cidade, depois selecionada e preparada com a ajuda das crianças.
Depois que os pequenos comeram, foi a vez de distribuirmos gratuitamente a comida ao pessoal que passava na frente do restaurante que sediou o evento. As pessoas não entendiam porque estávamos oferecendo comida de graça e essa era nossa deixa para falarmos do Disco Soup Day e levar um pouco de informação sobre o problema do desperdício de alimentos.
Talvez o problema pareça grande demais para combatermos sozinhos, mas as pequenas inciativas – juntas – fazem muita diferença. Que tal comprarmos só o que iremos consumir? Que tal não deixarmos o legume que compramos estragar? Que tal conservarmos os alimentos em recipientes e lugares adequados para aumentar seu tempo de vida? Que tal aproveitarmos o pedaço do mamão que não está batido?
É bom lembrar que se de um lado jogamos toneladas de comida fora todos os dias, do outro lado da moeda está a população desnutrida, sem ter o que comer. Dados da ONU divulgados neste ano de 2018 informam que em 8 países do globo um quarto da população passa fome.
A comida que deixamos de desperdiçar aqui não irá parar automaticamente na boca dos famintos, infelizmente. Nos resta acreditar, entretanto, que a economia de recursos naturais e financeiros gerados com o fim do desperdício podem ser destinados pelos governos, organizações civis, entidades privadas e particulares, aos povos que carecem de alimentos. Pode parecer utópico, inviável, pouco provável, um sonho impossível. Mas fazer o que está ao nosso alcance para fazer desse um mundo melhor é o mínimo que podemos fazer.