Estávamos na Cidade do Panamá há seis dias e ainda não tínhamos visitado a obra de engenharia mais famosa da América Central: o Canal do Panamá!!
Construído no início do século XX, o canal já foi motivo de muita briga: foi para entregar a sua construção aos EUA que o Panamá se tornou independente da Colômbia; Nicarágua e Panamá passaram bom tempo discutindo qual território era mais propício para sua construção; americanos e panamenhos passaram quase um século brigando pelo domínio do canal. [Isso sem contar na degradação ambiental, corrupção, ditadura e outros assuntos interrelacionados com o Canal que não vamos tratar por aqui].
Falando do lado bom, o Canal visivelmente trouxe prosperidade ao país. Sim, estamos falando de dinheiro no bolso (ainda que não chegue no bolso de todos). O país vive basicamente do comércio de transporte do Canal e a economia vai muito bem, obrigado.
Nosso passeio pela obra que gera tanta discussão foi pra overlander mão-de-vaca ver. O valor da entrada é de U$15,00 e não que não valesse a pena pagar… mas pensando bem decidimos ver o navio passando pela eclusa pelo lado de fora mesmo.
Da grande acompanhamos o navio descer ao nível necessário para passar pela eclusa e deixar o canal. Mesmo de longe, deu pra ver a mostruosidade dessa obra que liga os oceanos atlântico e pacífico.
Nessa altura, o calor já estava insuportável! Como faz calor no Panamá, meu pai!
Partimos de Miraflores para Rio Abajo, num local conhecido pelas barraquinhas que servem comida Afro-Antilhana, ou seja, típica dos descendentes africanos que viveram nas Antilhas [ Antilhas é o conjunto dos países da América Central localizados no Oceano Atlântico. Bahamas, Cuba, Jamaica e República Dominicana são alguns exemplos]. Quando chegamos lá, por volta das onze horas, eles ainda se preparavam para servir o almoço.
Para esperar o tempo passar, fomos visitar uma feirinha de frutas e verduras bem próxima. De novidade, apenas a Chombo, a pimenta nativa do Panamá. No mais, somente os preços salgados nas plaquinhas nos despertou curiosidade (e frustração).
Quando finalmente deu meio dia no relógio fomos provar Saus, a iguaria feita de pé de porco cozido e marinado no vinagre de maçã (originalmente a receita leva limão). Cebola e pepinos crus arrematam o preparo que até pode ser bom, mas é visivelmente indigesto.
Confesso, não consegui provar. Dias antes já tinha experimentado a versão ensopada da papita. Imaginar o sabor dela fria não me agradou nem um pouco. Sorte do Vinicius que comeu o prato inteiro sozinho.
Mas eu não fiquei a ver navios… a barraquinha Donde Nilda e Gaby, uma das sete que servem comida típica na Vereda, gentilmente nos ofereceu outro prato típico da cozinha Afro-Antilhana: torrejitas de bacalao. Uma massa de farinha misturada com bacalhau desfiado em forma de rosca, frita em óleo bem quente.
Agora sim falou minha língua! Massa crocante, saborosa, rica em proteínas, carboidratos e muita gordura! 🙂