Provando os queijos mineiros que não perdem em nada para os europeus
André e Bel, o casal que nos acolheu em Conceição do Mato Dentro, fizeram uma surpresa no café da manhã. Pastel de Angu. Já falamos desse pastel por aqui, a massa é feita com farinha de milho, a polenta nossa lá do sul. Esse que provamos na casa de André foi feito por uma senhora que vive em Conceição, bem artesanal, com a massa mais grossa e irregular do que aquele que provamos na primeira vez. Bem mais saboroso, podemos dizer.
Tem outro costume bem curioso por aqui também. Nós tomamos café sem açúcar. Na verdade Vinicius sempre tomou sem. Eu passei a tomar a sem nada há apenas uns três meses. Mas aqui em Minas o café já chega a mesa adoçado. E isso acontece em todos os lugares, na casa das pessoas, nos restaurantes, nas pousadas. Na minha casa, quando criança, também era assim. Confesso que hoje a sensação do café adoçado já incomoda um pouco.
Assim é com o vinho e com a cerveja também. Em geral começamos a tomar algo mais doce e com o tempo o amargo vai tomando espaço. Mas para os mineiros, ao menos em relação ao café, suspeito que esse processo não acontece. Café tem que ser adoçado e ponto final.
Nosso caminho nos levou até a cidade de Serro. Ali queijos artesanais da melhor qualidade são produzidos pelas mãos de pequenos produtores.
Tivemos o privilégio de conhecer Túlio Madureira, o Presidente da Associação dos Produtores de Queijos Artesanais do Serro. Túlio resolveu resgatar a tradição da família na produção de queijos e não brincou em serviço. Em junho desse ano trouxe pra casa duas medalhas no Concurso Mundial do Queijo que acontece na França, uma de prata e outra de bronze. Para nós, o queijo merecia muito mais que ouro. Tanto pelo sabor, que é algo indescritível, como pelo que esse prêmio representa para nós brasileiros.
Não deixe de assistir o nosso bate papo com o Túlio. Tá lá no nosso canal do YouTube: é só clicar AQUI!
Costumamos não valorizar o que é de casa, o que nosso vizinho produz, o que é feito pelas nossas mãos. Colocamos valor só nos importados, nos industrializados e deixamos de lado um produto nacional que tem muito valor agregado, porque conta história, porque sustenta uma família, porque gera emprego e faz a nossa economia girar. É a nossa gente fazendo arte culinária de primeiro mundo e isso precisa ser valorizado.
Bom, viramos fãs de Túlio, dos seus queijos, da cidade do Serro e, uma vez mais, de Minas Gerais.
Acabamos pernoitando em Serro mesmo. Bené, colega de Vinicius dos tempos da faculdade estava morando por lá. Ele e sua namorada Vanessa nos receberam em sua casa. Ofereceram um pouso e nós decidimos que seria bom ficar por ali por um dia para trabalharmos um pouco e conhecer mais da cidadezinha que tem fama pelos queijos artesanais premiados na França.