Lá por volta da meia noite fomos acordados ao som de fogos de artifício e gritos de campeão. Depois descobrimos que o Cruzeiro foi campeão da Copa do Brasil. Durante o dia passamos por vários torcedores com a camisa do time no peio e um sorrisão no rosto. Mas isso foi bem mais tarde.
Levantamos às 5:30h. Fizemos nosso cafezinho dentro do carro mesmo e seguindo a sugestão do Carlinhos, dono da pousada em que ficamos, fomos na direção oposta ao nosso trajeto inicial para conhecer um lugar lindo, com vista 360º da região, no Parque Estadual Mata do Limoeiro.
Clima bucólico, cavalos e burrinhos no meio da estrada, subimos até o alto da colina onde havia uma igrejinha. De lá, nem bem 7 horas da manhã, era possível ver os primeiros raios de sol bater nos paredões cobertos pela vegetação que mistura mata atlântica e o cerrado.
Na volta, Vinicius decidiu ir pedalando. Nem preciso repetir que temos comido muito aqui em Minas né? Então ele foi na frente, descendo e subindo os morros, queimando as calorias.
Nos encontramos quilômetros a frente e seguimos viagem pelas estradinhas de terra do interior de Minas. Pegamos vários trechos da chamada Estrada Real, o caminho que levava o ouro e pedras preciosas até Paraty, no Rio, para ser levado à Portugal na época do Império.
Foi no meio dessa estrada, embaixo de pé de eucalipto, que fizemos nosso almoço. Compramos alguns legumes num mercadinho em algum vilarejo que passamos e fizemos uma comida um pouco menos calórica. Cada caloria economizada será recompensada no futuro. rs
Lá pelas 16 horas chegamos na cidade de Conceição do Mato Dentro, com aproximadamente 20 mil habitantes, a grande maioria operários e funcionários da Anglo Americana, uma grande empresa mineradora. É na Anglo que nosso amigo Paulo Mapa trabalha (Paulo que nos recebeu em Ouro Preto, lembra?). Cila, a esposa de Paulo, que trabalha em home office também estava lá e nos encontrou na pracinha da cidade.
Logo Paulo chegou do trabalho e fomos colocar o papo em dia. No final da noite apareceu André, colega de trabalho de Paulo, que gentilmente nos hospedou naquela noite.
Mas antes de irmos para casa fizemos mais uma parada: o Bar do Cachorro ou Bar do João, como é oficialmente conhecido. Nos levaram até lá depois de ter comentado que ainda queria provar Ora-pro-nóbis e que ainda não havia visto em nenhum lugar. Explicaram que em qualquer restaurante simples da região servem a folha que acompanha galinhada ou costelinha de porco.
Ora-pro-nóbis, para quem não conhece, é uma folha que lembra a de um pé de limão, bem verdinha. Espremendo a folha não dá pra sentir nenhum aroma característico. Suspeitamos que não teria gosto algum. Mas nos enganamos. É difícil descrever o gosto, algo bem peculiar, novo para os nossos paladares. Não é picante, nem amarga. Tem sabor suave e super aprovamos. Queremos poder provar mais vezes, em outros preparos.
O nome da planta é curioso porque vem de “Rogai Por Nós”. Conta a lenda que esse nome foi dado por algumas pessoas que colhiam as folhas no quintal de um igreja, enquanto o padre rezava a missa em latim.
Além de saborosa traz inúmeros benefícios à saúde. É só dar um Google pra conferir. Vinte e cinco por cento da sua composição é proteína, e por isso é super usada pelo pessoal vegano.
E o nosso dia acabou assim, comendo, bebendo, conversando, fazendo novas amizades, aprendendo e descobrindo sabores. E assim caminha o Provando o Mundo.