Dia 85 – 25 de novembro – Sábado: Esse mundo PANC!

Que tal colocar a diversidade brasileira no seu prato?

Tucumã ainda verdinho, colhido no quintal de Pacheco

Você já ouviu falar em PANC?

PANC é a abreviação para “plantas alimentícias não convencionais”. É uma definição ainda ser aprimorada – mas a melhor que podemos utilizar por ora – porque ser ou não convencional depende muito da região em que elas estão sendo consumidas. Um exemplo é o ora-pro-nóbis, uma planta cujas folhas são muito consumidas em Minas Gerais (nós provamos costelinha de porco com ora-pro-nóbis na nossa passagem por lá!), mas são pouco conhecidas das demais regiões do Brasil. Assim ela pode ser considerada uma PANC para o resto do país, mas não podemos dizer o mesmo para o pessoal de Minas.

Outro exemplo de PANC é a flor de calêndula, que provamos logo no comecinho da nossa viagem, ainda lá em Santa Catarina…(clique aqui para ler). Sim, é possível comer a flor da planta que é mais usada para fazer pomadas.

Perceba que as PANC não se limitam às folhas, compreendendo também as raízes, os frutos, as flores, as sementes, o caule…ou seja, a todas as partes das plantas que comprovadamente podem ser consumidas sem que tenhamos efeitos colaterais negativos. Por isso é importante ter indicação ou orientação sobre o assunto e não sair comendo o primeiro verdinho diferente que aparecer na sua frente.

Bem, o assunto é extenso e só na definição esse texto poderia render muitas linhas. Mas a nossa intenção aqui não é aprofundar, mas divulgar, difundir e dar visibilidade às plantas que podem (e devem) ser consumidas, mas que não são muito conhecidas pelo mercado e pela população em geral.

Obra de referência sobre o assunto é o livro PANC no Brasil, escrito pelo catarinense Harri Lorenzi e por Valdely Kinupp, onde não só identificam as PANC como trazem receitas ilustradas com as plantinhas.

E porque estamos falando de PANC por aqui?

Bom, primeiro porque é intrínseco ao nosso projeto conhecer, de forma ampla e irrestrita – os alimentos e aprender um pouco mais de cada país e região através da alimentação. Não dá pra vivenciar a gastronomia da Amazônia sem provar algumas PANC.

O segundo motivo podemos chamar de Pablo Pacheco. Biólogo, grande defensor das causas ambientais e grande apreciador das Plantas Alimentícias Não Convencionais, ele cultiva dezenas delas no quintal de sua casa e foi lá que fomos introduzidos a esse mundo de uma forma bem prática, cheirando, mordendo, provando direto do pé.

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X- Caboquinho: lanche típico amazonense

No café da manhã já pudemos provar uma PANC num prato bem típico do Amazonas: X-caboquinho. É um sanduíche pra lá de bom feito com queijo (em geral, o coalho) e tucumã, a PANC pra nós do resto do Brasil, mas que é bem conhecida pelo pessoal da região Norte. A fruta é amarelada por fora e alaranjada por dentro e tem gosto forte (Pra mim, Dani, lembra Moranga; para o Vinicius lembra Butiá! Bem diferente né? Vamos provar de novo e de novo pra poder entender toda a complexidade do tucumã :D)

Na região do Amazonas é bem comum comerem o X-caboquinho pela manhã, junto com pupunha e macaxeira, nos “Cafés Regionais” que se espalham pela cidade e pelas rodovias.

Depois do café, tínhamos muito trabalho a fazer. Choveu praticamente o dia inteiro o que garantiu que eu colocasse o trabalho em dia (ou ao menos desse uma boa adiantada).

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E a Floresta Amazônica logo ali na janela…

Fizemos uma paradinha para o almoço e pudemos provar uma caldeirada deliciosa feita com Pacu e Tucunaré. E ainda teve tambaqui na grelha! Tudo acompanhado de uma salada de cenoura com vinagreira e bertália!

À noite juntamos uma das especialidade do Vinicius – pizza! – com tudo aquilo que havíamos aprendido durante o dia. Fizemos pizza PANC! Na primeira usamos folhas frescas (colocada sobre a pizza só na hora de servir) e a outra demos uma leve refogada nas folhas antes de colocar pra assar. As duas ficaram excelentes!

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Pizza Panc: parece estranho, mas a gente jura que é boa!

Usamos bertália, cariru, couve, ora-pro-nóbis e jambú! Uma riqueza de sabores e de nutrientes! Pra gente que adora descobrir um sabor novo, as PANC são uma verdadeira festa!

Segundo Lorenzi e Kinupp, 90% do alimento mundial é proveniente de apenas 20 espécies (muitas delas já modificadas geneticamente), porém mais de 30 mil espécies vegetais podem ser utilizadas na alimentação!

Dá pra diversificar bem o cardápio, não é mesmo? Bora provar umas plantinhas não convencionais?

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