Dia 229 – 18 de abril – Quarta-Feira: Cruzando a Fronteira de Honduras para El Salvador

Como foram os trâmites na fronteira entre Honduras e El

Salvador

O tempo não pára e nossa aventura também não. Com o tempo contado para chegarmos ao México no início do próximo mês seguimos rumo a um novo país: El Salvador.

Passava um pouco das sete quando demos o último abraço em Wilmer, Milena e Gabriel. A previsão de chegada à capital do próximo destino era por volta das duas ou três da tarde, dependendo da demora na fronteira.

Ainda em Honduras, a manutenção na rodovia acabou sendo a parte chata da viagem. Muitas paradas e um pouco de espera.

Chegamos à fronteira de El Amatillo somente às 11h da manhã. O trâmite para saída foi rápido e fácil. Na chegada ao posto de imigração, seis ou sete homens correram em nossa direção como formigas correm para o açúcar oferecendo ajuda. Ajuda com uma pequena ajuda de custo, é claro. Como sempre, recusamos. O procedimento é tão simples que é completamente desnecessária qualquer intervenção.

Em menos de cinco minutos ganhamos o  carimbo de saída de Honduras no passaporte, sem necessidade de pagar qualquer taxa.

Já do lado de El Salvador só registraram nossa entrada no sistema e não colocaram nenhum carimbo, nem entregaram qualquer papel. Estranhando o procedimento, perguntei pra moça da imigração por quanto tempo tínhamos permissão de ficar em El Salvador. Ela então me explicou que era o tempo de permissão que a Nicarágua havia concedido. Ou seja, o prazo autorizado na Nicarágua não é somente para a visitação naquele país, senão o tempo máximo permitido para estar na Nicarágua, Honduras, El Salvador e Guatemala, os países assinantes do acordo conhecido com “Convenio Centroamericano de libre movilidad”, ou C4.

O prédio da imigração no lado hondurenho
Fronteira de Honduras para El Salvador
Chegando em El Salvador

Essa informação nos foi omitida na entrada na Nicarágua! Ainda bem que nos deram 90 dias para passarmos pelos quatro países, o que seria mais que o necessário para nossa travessia.

Bem, passamos então a fazer os procedimento para a entrada do carro.

Nenhuma taxa nos foi exigida para entrar em El Salvador. Também não foi exigido seguro obrigatório do veículo, mas quiseram cópia do documento do carro, CNH e do passaporte do condutor. O carro não passou por fumigação, mas teve que passar por um scanner, substituindo a velha revista a olho nu dos despachantes aduaneiros.

Uns dez minutos depois, nos entregaram a “autorização  para importação de veículos usados”, mas ainda não havia acabado o trâmite. Esse papel teve que ser entregue na nova fronteira de El Salvador, a 5 km da antiga fronteira. Lá ficamos mais dez minutos até que colocassem um selo no papel de importação e pronto. Finalmente liberados para conhecer El Salvador.

Logo mais a frente paramos para almoçar em um restaurante simples de beira de estrada. Lá pedimos a única opção existente naquele momento e nos demos bem: pimentão recheado com carne e batatas, envolto em ovo e frito. Estava beeem bom! Vegetais recheados e fritos, com pimentão e chuchu, são comuns em El Salvador (e também na Guatemala).

Fronteira de Honduras para El Salvador
Pimentão verde recheado, envolto em ovo e frito

Seguimos rumo à capital, San Salvador. Lá encontraríamos Jorge Castro, gastrônomo e consultor na área de restaurantes. O ponto de encontro era uma Praça de Alimentação ao ar livre, numa das áreas mais altas da cidade, de onde se pode ver boa parte de San Salvador. Pra chegar até lá tivemos que cruzar todo o centro da capital e pegamos muito trânsito. Com mais de 2 milhões de habitantes e aparentemente 3 milhões de carros é difícil se locomover na capital hondurenha.

Quando finalmente chegamos na Plaza del Vulcán o clima era outro. Baixamos a adrenalina do trânsito caótico enquanto aguardamos Jorge chegar.

Fronteira de Honduras para El Salvador
Dando um tempo depois de horas de estrada, trânsito e uma travessia de fronteira

Na praça de alimentação um estabelecimento nos chamou atenção, uma pupuseria. E foi aí mesmo que Jorge nos levou para jantarmos e aprendermos um pouquinho da culinária típica de El Salvador.

Pupuseria é o local que faz Pupusas, a melhor e mais saborosa invenção salvadorenha! Provamos as versões mais tradicionais, com chicharrón, feijão e de queijo com loroco, uma florzinha comestível e muito consumida em El Salvador. Gostamos de todas! A de loroco, entretanto, nos chamou mais atenção. Seu sabor e consistência nos lembraram aspargos!!

Fronteira de Honduras para El Salvador
Pupusas: a foto tirada no escuro não representa todo seu sabor
A flor de loroco ainda em botão, quando é mais rico seu sabor e consistência
Fronteira de Honduras para El Salvador
Encurtido é o acompanhamento padrão das pupusas – repolho e cenouras em conserva no vinagre

Pra completar nossa degustação nessa noite, Jorge pediu empanadas, que nada tem a ver com as empanada de farinha argentina, ou as de farinha de milho com achiote do Panamá. Na verdade de aproximam muito mais do Patacón da selva peruana ou do bolón de verde no Equador. Isso por que as empanadas em El Salvador são um bolinho de proporções bem generosas feito de plátano verde e frito, recheado com pasta de feijão ou de leite (uma espécie de creme feito com leite e maisena). Depois de frito há quem cubra a empanada de açúcar!

Fronteira de Honduras para El Salvador
Empanada frita de banana

A mistura de banana com feijão já não era novidade pra gente (já provamos em Honduras!), mesmo assim a preparação trouxe outro sabor pra dupla, já que tinha mais a ver com uma sobremesa do que com um lanche salgado no meio da tarde.

Essa foi a parte prática da aula que tivemos com Jorge. Na parte teórica, ele nos falou de muitas preparações típicas, muitas frutas e ingredientes totalmente novos para o nossos ouvidos. A conversa fluiu de uma tal forma que quando nos demos conta já era quase onze da noite. Nos despedimos de Jorge com compromisso marcado para nos encontrarmos no dia seguinte. Era hora de descansar e ainda havíamos que procurar a casa de Camilo, o amigo de uma amiga de Lígia, a esposa do chef Jim que conhecemos na Nicarágua! Eita mundo pequeno!

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