Dias 245 – 4 de maio – Sexta-Feira: Nossos primeiros passos em Cuba

Chegamos em Havana às 14:00 horas e depois de esperarmos muito pela nossa mala na esteira do aeroporto, fomos em busca de um meio de transporte para nos levar até o local onde ficaríamos hospedados. Assim que as portas da área de desembarque se abriram já pudemos ver os carros americanos super antigos passando de um lado para o outro recolhendo passageiros. Era como se estivéssemos dentro de um filme. Havíamos apertado o play do nosso curta metragem em Cuba.

Antes de nos aventurarmos em um modelo Ford dos anos 50, nos dirigimos até uma cabine de informações turísticas para perguntar se haveria um ônibus que nos levasse até o centro de Havana. A moça educadamente nos disse que não haviam ônibus em Havana e que o único meio de transporte disponível era um táxi. Perguntamos então se não havia como um táxi nos levar em um ponto de ônibus mais próximo… pegaríamos o ônibus de lá para baratear o custo. A moça novamente insistiu que não havia ônibus na cidade e que teríamos que pegar um táxi. Na mesma hora nos indicou o cidadão que estava estrategicamente bem ali ao seu lado para fazer a corrida. “São 35 CUC´s”, nos falou o jovem senhor dono do táxi. (O valor corresponde aproximadamente 40 dólares, quase R$145,00 na cotação dos dias atuais!)

Com cheiro de comissão no ar, agradecemos e seguimos mais adiante para ver se encontrávamos outro meio de transporte mais barato. Nesse meio tempo fomos abordados por outro taxista que nos disse fazer a corrida por 20 CUC´s. Bem mais razoável e condizente com as informações que havíamos colhido na internet, aceitamos a oferta e embarcamos em uma máquina, um carro antigo de couro branco e acabamento vermelho e verde. Um carro da década de 50, bem ao estilo De Volta para o Futuro.

Vinicius trocando uma ideia sobre carro antigos com o taxista

Logo depois de nos estabelecermos, fomos em busca de um local que fizesse o câmbio da moeda pelos CUC´s, a moeda cubana que gira no mundo do turismo.

O país é tão diferentão que possui duas moedas correntes: o CUP ou moeda nacional, aceita nas vendas e estabelecimentos do governo e o CUC, a moeda que circula nos hotéis, restaurantes e atrações especialmente voltados para os estrangeiros. Um dólar equivale a 26.500 CUP ou 0,87 de CUC. Ou seja, a moeda nacional não vale muito, mas o Peso Conversível Cubano (que é o que o turista mais usa) vale mais que o dólar.

Nessa conta é fácil gastar muito dinheiro em Cuba e se você não está atento ao câmbio pode se perder facilmente entre as moedas. Ah, não raro você paga em uma moeda e recebe o troco em outra. No início dá um nó na cabeça e pelo que a gente percebeu até para os cubanos é difícil lidar com essa confusão toda.

Como já era tarde e as casas de câmbio estavam fechadas fomos até o emblemático e imponente Hotel Nacional fazer a troca da moeda. Cinco minutos depois já estávamos perambulando pelas calçadas de Havana, admirando sua arquitetura histórica e caçando, de porta em porta, o lugar menos turístico e mais barato para provarmos algo típico cubano.

Hotel Nacional ao fundo; inúmeros ônibus de turismo ao centro; senhor trocando o pneu da sua “máquina” à esquerda.

Foi numa janelinha gradeada que encontramos um cardápio convidativo. Por 35 CUP ou U$1,30 pedimos ropa vieja, um dos pratos mais típicos da culinária cubana. Por menos de R$5,00 dividimos um prato que além da ropa vieja tinha arroz com feijão, salada de repolho e batata chips. A ropa vieja nada mais é do que carne cozida, desfiada e salteada com cebola, tomate, pimentão e temperos como orégano e cominho (conhecemos esse prato lá no Panamá, onde é feito de forma bem semelhante ao de Cuba). A carne pode ser de porco ou de gado, mas geralmente é de porco, mais barata e muito mais fácil de encontrar nas carnicerias do país.

“Fast Food” Cubana: roupa vieja na caxinha para levar

Uma grande curiosidade de Cuba: a maior parte da carne de vaca consumida em Cuba é importada, principalmente do Brasil. Cuba não possui criação de gado para corte. As vacas aqui são utilizadas exclusivamente para a produção de leite e para garantir que terá produção de leite suficiente para ser distribuído para as crianças, as pessoas estão proibidas de matar suas vacas. Isso mesmo. Ainda que a vaca esteja no seu quintal ela pertence ao governo e deve obrigatoriamente estar registrada no órgão competente do governo e  não pode de forma nenhuma ser sacrificada, ainda que para consumo da família. Nos disseram que a pena para quem mata um bovino pode chegar a 30 anos!

Por conta disso a carne de vaca é coisa preciosa em Cuba. Até se encontra para comprar, mas com preço alto, fazendo com que o porco e o frango sejam as opções mais comuns entre os cidadãos cubanos.

Nesse primeiro dia em Cuba, nossa curiosidade pelo país de Fidel foi aumentando conforme as horas se passavam. A cada passo por suas ruas e a cada palavra trocada com algum cubano, mais e mais perguntas surgiam. Nos dias que se seguiram, com a ajuda dos locais, fomos desvendando pouco a pouco os mistérios da ilha. Não deixe de ler nossos próximos relatos!

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