Dia 1 – 02 de setembro de 2017 – Sábado: Até mais, Blumenau!

Primeiro dia de volta ao mundo: coração batendo forte na partida

Oito e meia da manhã: após colocar os últimos pertences no carro, gravamos uma breve entrevista e finalmente pegamos estrada! As ruas de Blumenau estavam vazias. Era feriado na cidade. Blumenau completava 167 anos. Até logo Blumenau, voltamos para o seu 170º aniversário!

Depois de duas horas de estrada estávamos em Campo Alegre. Cidade de 15 mil habitantes, no norte do estado de Santa Catarina, conhecida como a Capital Catarinense da Ovelha. A cidade que fica na serra ainda é pouco desenvolvida para o turismo, mas tem um enorme potencial. Anotem aí. Campo Alegre ainda será a Gramado de Santa Catarina.

Logo na entrada da cidade placas de sinalização indicavam na Estrada Dona Francisca: “Hambúrguer de Cordeiro a 500 metros”. Estávamos chegando no Armazém Dona Francisca, um restaurante cercado por um imenso gramado, araucárias e lagos. Um lugar calmo, tranquilo e com a gastronomia que faz jus ao título da cidade de capital da Ovelha. Ali, tudo é feito com cordeiro. Capeletti, Almôndegas e o famoso Hamburguer, feito com 100% carne de Cordeiro . Segundo Alex, o gerente do estabelecimento, o segredo está no tempero, colocado somente na hora de grelhar o hambúrguer. De fato, a carne permanece com o sabor delicioso do Cordeiro, sem interferência de outros sabores.

Depois de algumas horas desfrutando o ambiente e os pratos do Armazém, fomos visitar o Rancho das Cabras, uma fazenda de cabras voltada para a produção de queijo e iogurte. Lá fomos muito bem recebidos pelo Ângelo e sua esposa Neusa. Ambos são vegetarianos e cuidam das cabrinhas como filhas! Cada uma tem um nome e surpreendentemente eles conseguem identificar cada uma das suas vinte e poucas cabras! O local está sempre aberto para receber as pessoas que querem conhecer um pouco mais da fazenda. Depois de uma volta pelo rancho onde as cabras se alimentam e dormem era hora de conhecer o local onde são fabricados os deliciosos queijos de cabra. Sob a bancada é possível ver o processo de maturação dos queijos que levam cerca de 30 dias para ficarem prontos para o consumo.

Ainda havia muito a ser visto no Rancho das Cabras, mas tínhamos outro compromisso: conhecer um bistrô francês cravado no coração de Campo Alegre. Ângelo permitiu que passássemos a noite em sua propriedade, então prometemos que voltaríamos ainda no mesmo dia para acompanhar o processo de coagulação do leite e todo o processo que o transforma em queijo.

Às 17:30h estávamos na porta do Atrium Bistrô e Delikatessen. Já pela faixada o lugar encanta! Localizado na principal rua da cidade, o Bistrô está instalado em uma casa construída em 1940. Quem nos recebeu foram os simpáticos proprietários Vilson e Dêlla. Ela, chef de cozinha pelo Centro Europeu; Ele, engenheiro mecânico e agora também administrador de restaurante. Ambos procuravam qualidade de vida e decidiram apostar na alta gastronomia para fortalecer suas raízes na pequena Campo Alegre.

Conversa vai, conversa vem e nos olhos atenciosos de Vilson e das mãos delicadas de Dêlla foi possível perceber o amor pelo que fazem, a preocupação com a qualidade dos produtos que servem e o forte desejo de entregar aos clientes uma verdadeira experiência gastronômica.

Eles sugeriram que provássemos uma massa recheada e um papardelle feitos por Dêlla. Vinicius, que por onze anos esteve a frente da Trattoria di Mantova, o restaurante italiano da família, sabe o quanto é difícil encontrar um lugar que faça uma boa massa, com boa consistência, textura e sabor. E Dêlla não nos decepcionou. As mezzalunas recheadas de abóbora e o papardelli com presunto de parma estavam incríveis! Segundo ela os pratos levam um tempero especial que não é feito no restaurante, mas na cozinha de sua casa. Segredo guardado a 7 chaves!

Deixamos o Bistrô super felizes! Encontrar um lugar tão especial no interior de Santa Catarina, comandado por um casal que sonha junto, assim com nós, nos fez ter a certeza de que estamos no caminho certo.  Vilson e Dêlla, voltaremos daqui a três anos para provar os risotos, as carnes e a Panna Cotta!

Mas o dia ainda não havia acabado! Voltando para o Rancho das Cabras pudemos acompanhar o processo inicial de fabricação dos queijos.

Menos de 24 horas da nossa partida já pudemos perceber que o mundo tem muito a nos oferecer. Tanto aprendizado, tantos abraços e sorrisos de pessoas que se encantaram com o nosso projeto em tão pouco tempo! Gratos por esse dia maravilhoso!