Poderíamos ficar muito mais tempo em Cuenca. Aquela primeira impressão de cidade segura e com cara de Europa não foi para o espaço depois dos quatro dias em que passamos por lá. Talvez tenha sido, ao lado de Ouro Preto, a cidade mais bonita pela qual passamos. Um lugar em que facilmente moraríamos.
Mas a estrada nos chamava. Destino? Guayaquil, no litoral equatoriano. Queríamos ver de perto as delícias da cozinha da costa do Equador. Segundo as más línguas, o Ceviche do país que é cortado pela Linha do Equador é melhor do que o peruano…será mesmo?
Mas nesse dia, com exceção do Zapote, uma fruta típica que compramos de uma senhora na beira da estrada, não provamos mais nenhuma comida típica. Nem mesmo o chocolate equatoriano tão famoso e festejado no mundo todo, apesar de termos passado pela Rota do Chocolate.
Em verdade não chegamos a cruzar por toda a rota, nem mesmo chegamos a cidade de Guayaquil. Paramos quarenta quilômetros antes, em uma Reserva Ecológica, onde pudemos parar o carro, tomar banho e trabalhar sem custo algum.
Ao que constatamos até agora, o país não tem a política de cobrar pelo ingresso nos lugares que estão sob a responsabilidade do governo. Ao menos assim foi no zoológico, parque e museu em Cuenca. Assim também foi no Parque Nacional Cajas, pelo qual atravessamos antes de chegarmos à Reserva onde pernoitamos. Mais um ponto positivo para ao Equador!
Mas voltando à Rota dos Chocolates. Ela fica entre as cidade de Naranjal e Guayaquil, contornando a costa sul peruana. Pegamos um pequeno trecho dela nesse dia e avistamos várias plantações de cacau, mas nenhuma mísera amostra dos alimentos dos deuses. Ficamos com a expectativa de que o dia seguinte nos reservaria doces surpresas.
Nem precisamos esperar tanto.
Não, não conhecemos nenhuma fazenda cacau, nem o processo de fabricação de chocolate. Mas conhecemos Simón e Diego, um dos guias e o chefe da reserva, e todos os demais meninos que cuidam da área protegida. Ao final do dia, quando o calor deu um pouco de trégua e os mosquitos nervosos do parque passaram a nos atacar, o pessoal resolveu se reunir para preparar um churrasquinho…de arraia!
Fomos convidados a participar da confraternização dos simpáticos e alegres equatorianos, o que nos garantiu algumas horas de boas risadas e ótima conversa que nos levou a conhecer um pouco mais desse pequeno e agradável país.
Como estava a arraia? Uma delícia. Feita na brasa temperada só com sal e limão ela ganhou um up grade quando Vinicius trouxe a pimenta com tucupi e a farinha com castanha da Amazônia que trouxemos de Manaus e do Acre. Os equatorianos ficaram loucos com a pimenta e fizeram planos de ir ao Norte do Brasil para comprar um pequeno estoque. Que assim o façam e que provem todas as nossas iguarias!