Acordamos um pouco apreensivos para saber se o nosso carro pegaria na manhã gelada que fazia em Llachon. O termômetro marcava 4ºC por volta das seis e meia. Mesmo com o anticongelante no radiador seria complicado fazer pegar de primeira já que o termômetro do motor do carro apontava 7ºC!
Enquanto fazíamos o café da manhã, Vinicius esquentou um pouco de água para jogar no sistema de arranque. E…funcionou! Em duas tentativas nosso carro estava ligado! Tínhamos planejado sair mais tarde, justo achando que o carro só pegaria quando o sol estivesse a pino. Com essa questão solucionada, às sete da manhã já estávamos prontos para pegar estrada.
No início, a rodovia estava bem tranquila, com quase nenhum movimento. Já mais próximos de Arequipa, a quantidade de caminhões na estrada impressionava! Depois viemos a descobrir que na região metropolitana de Arequipa, que conta com cerca de um milhão e meio de habitantes, havia uma mineradora e que os caminhões estavam a seu serviço.
Chegamos na cidade já quase uma da tarde. Nossa primeira providência era encontrar internet para mandarmos notícias para casa. Fomos até o centro de Arequipa para procurar um restaurante que oferecesse wi-fi. Estacionamos próximo à Plaza de Armas e fomos caminhando pelo centro nervoso de Arequipa.
Dirigir naquela cidade é pra poucos! Ninguém cede um espaço, ninguém para nas faixas de pedestres. Como em todo grande centro, as pessoas estão estressadas, nervosas, querem fazer tudo pra ontem, principalmente nessa semana que antecede o Natal.
Bem, no caminho a pé até a Plaza de Armas, achamos uma loja que vendia chip prépago. Compramos por 5 solis e imediatamente estávamos conectados. Logo em seguida mandamos notícias para casa. De lá veio uma bronca de leve… estavam todos preocupados. Ficar dois dias sem internet atualmente é inaceitável!
Anos atrás, quando whatsapp era só uma ideia futurista de algum garoto de dez anos, viajávamos sem celular e mandávamos notícias uma vez por semana…quando encontrávamos um orelhão. Ninguém se preocupava. Hoje, com todos conectados, se ausentar do mundo virtual causa angústia para os que esperam por notícias. O chip solucionou a questão dessa vez, mas em outros países não sabemos ainda como faremos. Um plano internacional seria muito bem vindo, mas temos que encaixá-lo em nosso orçamento apertado. Será que vamos conseguir?
Bom, era quase duas da tarde e a fome bateu. Encontramos um restaurante que servia o menu do dia por 12 solis. O menu era composto de uma entrada, um prato principal, suco e sobremesa. Tudo bem, o suco não era natural e a sobremesa era uma simples gelatina, mas por R$12,00, no centro da cidade, estava valendo muito!
Vinicius pediu Ocopa Arequipeña de entrada e Carne de Res (gado) de principal.
Eu fui de Creme de Espinafre de entrada e Ossobuco de principal.
Conectados, almoçados, demos uma breve passeada pelo centro de Arequipa. O clima caótico, entretanto, não nos deixou muito confortáveis. Talvez tenhamos ficado muito mal acostumados com a tranquilidade de Llachon.
Logo pegamos nosso carro e, com muita calma, seguimos em direção a casa de Edwin e Blanca, o casal que nos hospedaria em Arequipa. Eles moram em um bairro mais afastado e bem mais tranquilo! Tivemos alguns imprevistos no meio do caminho. Um estrada fechada em manutenção, uma ponte pela qual a altura do nosso carro não nos permitia atravessar, outra via completamente interditada… Assim fomos costurando a cidade até que o GPS nos indicasse um caminho viável até Congata, no Distrito de Uchumayo, um dos 29 que fazem parte da grande Arequipa.
Levamos quase uma hora para chegarmos em Congata, mas o caminho para o interior da cidade revelou-nos algumas curiosidades. A primeira foi os campos de cultivo próximos ao pequeno rio que corta o bairro. Era possível ver a plantação de cebola e salsão ali no meio da cidade. Viemos a saber depois que essas áreas de cultivo são alugadas por ano a um valor de 3 mil solis.
A segunda curiosidade eram as barraquinhas de comidas que se estendiam por toda estrada vendendo algo que no início parecia a nossa “rosca” ou “coruja”. Na verdade se tratava de um torresmo gigante, tipo um baconzitos no tamanho mega master. Não provamos, ainda… 🙂
Bem, por volta das 17:30 horas chegamos à casa de Edwim e Blanca e por eles fomos muito bem recebidos. Nos acomodaram em um quarto, nos serviram uma arequipeña em temperatura ambiente (por volta de 15ºC) e logo estávamos gastando nosso portunhol para perguntar tudo sobre a culinária do Peru.
Logo recebemos um convite (e que aceitamos na hora!) para conhecer o mercado de peixes onde Blanca, que é dona de uma Cevicheria, compra os pescados frescos para preparar aos seus clientes. O “passeio” foi programado para às quatro da manhã do dia seguinte. Foi a deixa para nos banharmos e nos recolhermos antes de programarmos o despertador para as 3:45h da madrugada.