Um pulo da cama e já estávamos prontos para ir ao Mercado de Peixes que fica a uns bons quilômetros da casa de Blanca. Chegamos lá quase cinco da manhã e o movimento era grande. Carrinhos com peixes enormes se atravessavam no caminho com velocidade. Além dos peixes, outros frutos do mar também estavam a venda, assim como frutas e verduras.
Nos concentramos mais nos pescados porque Blanca necessitava de peixes frescos para preparar os ceviches que serve em seu restaurante, o El Lenguado. Não foi muito fácil achar o que ela queria. Exigente, dizia que os peixes não estavam frescos como ela queria. Arequipa está localizada entre a Serra e a Costa, então os pescados levam duas horas até chegar à cidade.
Por fim encontramos um belo dourado e alguns mariscos e polvos para levarmos ao restaurante. Ela ainda aproveitou para comprar mangas para fazer suco para o café da manhã e também palta para comermos com pãozinho que também compramos por lá.
Mas o café só tomaríamos bem mais tarde. Antes era preciso deixar o restaurante pronto para abrir para o público. Os dois únicos ajudantes de Blanca estavam atrasados e ela já tinha desistido de abrir. Vinicius a convenceu de que poderia ajudá-la, que tem experiência no assunto e que dariam conta do recado. Ela aceitou a ajuda e começamos a preparar o restaurante para abrir. Enquanto ajudava espremendo limões e lavando a louça, Vinicius dava um jeito no salão. Depois ele também foi para a cozinha ajudar a limpar os pescados. Nesse meio tempo os funcionários apareceram e deu tudo certo.
Blanca, que tem o restaurante há doze anos, nos ensinou duas preparações diferentes de Ceviche, uma com bastante pimenta e outra mais suave. Os dois pratos eram servidos com camotes, a famosa batata doce que já falamos tanto por aqui. Os pratos estavam muito bem temperados, e muito bem servidos! (Assista ao vídeo no nosso canal do YouTube !)
Ah, de entrada Blanca ainda preparou o Chilcano, um caldo quente feito a base de peixe, alga e salsão, que se prepara principalmente com a cabeça do peixe. Dizem ter propriedades energéticas e ser muito bom para curar ressaca.
Para petiscar, ela preparou uma “pipoca”, com um grão umas quatro vezes maior que o nosso milho de pipoca comum. Ela coloca uma porção no azeite quente e espera ele abrir. O grão não estoura feito a nossa pipoca, ele só dá uma estufada. Depois é só colocar um salzinho por cima e comer como aperitivo!
Tudo tinha muito sabor, o que é doce é doce, o que é picante é picante, sem meio termo. Acabamos limpando os pratos e suando pra caramba já que a nossa porção veio, a pedido, com mais pimenta que do ela costuma servir.
Foi um almoço e tanto!! Foi um dia e tanto! Muito contato com a cultura, a língua, os costumes e a gastronomia do povo Peruano. É assim que gostamos! E isso que procuramos! É exatamente dessa troca que o nosso projeto é feito!