Dia 220 – 9 de abril – Segunda-Feira [parte 1]: Nicarágua – primeiras impressões

Cruzando a fronteira da Costa Rica para a Nicarágua

Já sabíamos que não seria fácil. O embaço na imigração da Nicarágua é de conhecimento público. Histórias de demora, descaso e confusão se repetem entre os viajantes overlanders. Com a gente não foi diferente.

Saímos por volta das sete da manhã de Playa Panamá e chegamos a Peñas Blancas uma hora e meia depois. A saída da Costa Rica foi rápida. Primeiro pagamos um imposto de U$8 para sair do país (isso mesmo, há uma taxa para sair da Costa Rica).

Mais uma taxa: imposto de saída do país

Depois tivemos que fazer uma fotocópia do documento que recebemos quando entramos na Costa Rica e na aduana autorizaram a saída do veículo. Então nos dirigimos à imigração que finalmente carimbou nosso passaporte.

A caminho da Aduana

Essa foi a parte fácil!

Já na Nicarágua…bem, com toda paciência do mundo entramos, pagamos a taxa municipal de entrada (U$1 por pessoa), apresentamos nossos documentos no guichê da imigração e uma chuva de perguntas nos foram feitas: onde vão, onde estavam, quanto tempo ficarão, como se sustentam, o que fazem…

Numa dessas respostas falamos sobre o nosso projeto, que viemos conhecer a comida típica, que gravamos, escrevemos, batemos fotos e divulgamos nas redes sociais. E aí a coisa complicou. Não entendiam ou não quiseram entender. A coisa se complicou ainda mais quando acharam que éramos jornalistas vinculados a algum meio de comunicação.

Aí o cara do guichê foi falar com o superior. Logo voltou e fez mais perguntas. Entrou novamente. Voltou. Entrou e saiu na companhia do tal superior. Esse sacou uma folha em branco e começou a fazer todas as perguntas novamente.

Explicamos tudo tintim por tintim o que fazemos, que nosso turismo é gastronômico. Entre dicas de pratos e sugestões de receitas típicas, o superior ia anotando nossas informações. Ele entra novamente. Cinco minutos depois sai com o celular na mão. Estava falando com outra pessoa (o superior do superior). Por whatsapp passou informações sobre as datas de entrada e saída de todos os países pelos quais passamos. Entrou novamente. Mais dez minutos depois e sai o cara outra vez, agora com duas folhas nas mãos pedindo para preenchermos um formulário de solicitação de ingresso no país. Tivemos que escrever tudo o que já havíamos dito.

Com toda a paciência que temos, preenchemos o papel e enviamos por e-mail às 10:47 da manhã. Parecia que agora tudo estaria resolvido.

Mais uns vinte minutos e o superior intermediário vem ao nosso encontro, entrega os passaportes e pede para aguardarmos só mais um pouco. Logo pede para o Vinicius lhe acompanhar até a sua sala. Lá ele passa o celular para o Vinicius. Do outro lado da linha o suposto chefe dos chefes dos chefes da Imigração na Nicarágua. Pede desculpas pela demora a Vinicius e lhe dá as boas vindas ao país.

Bem, tudo certo então?!

Parece que sim! Opa, seguimos então a fazer o trâmite de entrada do carro. Com isso pronto voltaríamos para pegar o tão complicado carimbo de entrada. Então toca falar com o tio que revista o carro, depois deixar um papel na polícia, pegar outro papel na polícia, pagar pela fumigação em outro guichê (U$3), autorizar a entrada no sistema com uma décima pessoa, fazer o seguro veicular obrigatório com a décima primeira (pelo valor de U$12).

Bom, nós estávamos prontos para finalmente entrar na Nicarágua, mas eles ainda não estavam prontos para nos deixar entrar.

O pessoal que dá a carimbada dizia que estavam aguardando a permissão dos superiores…aqueles mesmos que falaram conosco e disseram que estava tudo certo!!!!

Por azar o cara que estava intermediando tudo com o chefe supremo por telefone tinha saído para almoçar.

De mãos atadas e já com bem menos paciência, resolvemos esperar até que alguma boa alma viesse resolver o impasse. Buscamos nossas cadeiras de acampamento no carro e nos colocamos sentados ali dentro do posto de imigração.

No cantinho da sala da imigração, à espera da solução do impasse.

A sorte (se é que podemos chamar de sorte) é que na sala havia ar condicionado e internet free para ajudar o tempo passar mais rápido.

Ao que deu a entender, todos os jornalistas que entram no país devem ser reportados às autoridades superiores. Resumindo, precisam de uma permissão especial. Não era o nosso caso. Não somos jornalistas por formação, nem estamos vinculados a nenhum meio oficial de comunicação. Escrevemos como meio de divulgar o que vivemos e aprendemos.

Depois de tudo isso ficamos imaginando como o governo nicaraguense lida com o direito de liberdade de expressão…

Às 13:40h, depois de pagar mais U$12 para cada um relativamente ao imposto de entrada, finalmente fomos liberados com a esperança de que a nossa passagem pelo país fosse mais agradável do que foi a entrada.

 

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