Pelas nossas pesquisas, existem quase duzentos pratos típicos da cidade de Arequipa. Isso mesmo, só na cidade de Arequipa! Fascinante, não? Para a nossa sorte, pudemos conversar com um grande conhecedor da gastronomia arequipeña, o chef Teodoro Rivera Flores, que comanda a cozinha da Nuestra Picanteria.
Além de chef, Teodoro é professor e nos deu uma verdadeira aula sobre os sabores arequipeños.
Pra começar, pudemos acompanhar o pré-preparo de vários pratos servidos na Picanteria e vimos o cuidado com que os funcionários tem ao preparar a comida. Não estamos falando só da higiene, estamos falando do carinho com que preparam e manipulam o alimento, sempre provando, buscando o melhor sabor. E aí já começa a diferença de uma boa comida!
Ah, e o pessoal que fica no salão também não fica por menos. Antes de abrir as portas do restaurante, vimos o cuidado que eles têm em deixar tudo (tudo!) limpinho e organizado para receber o público! Superprofissionais!
Bem, enquanto isso, dentro da cozinha… o chef e seus ajudantes se dedicavam ao preparo do “Chaque“, uma suculenta e deliciosa sopa de verduras que se degusta todas as segundas-feiras.
Segundo a tradição arequipeña, há um prato específico para cada dia da semana. Os restaurantes que servem comida típica seguem a risca o cardápio semanal. Achou curioso? Nós também! Claro que se encontram os outros pratos do cardápio, mas já se sabe, de antemão, que nos restaurantes tradicionais da cidade se encontrará no almoço o prato dedicado àquele dia da semana.
Na segunda, como já dissemos, o prato escolhido é o Chaque. Na terça, Chairo. Na quarta, Chochoca. Na quinta, Minestroni. Na sexta, Chupe de Viernes. Sábados, Caldo Blanco. E no Domingo, Adobo.
De acordo com o Chef Teodoro, o Chaque tem esse nome porque leva “papa chancada” ou batatas amassadas/ destruídas. Ainda cruas, depois de descascadas, as batatas são amassadas com uma pedra e assim é colocada no caldo temperado com alho, pimenta rocoto, salsão e uma folhinha, huacatay ou black mint, que lembra uma fusão de manjericão com hortelã, se é que podemos simplificar desse jeito. O caldo ainda ganha trigo, carne de gado, tripas de cordeiro, cebolas, repolho e cenouras. Por cima ainda vai uma porçãozinha de torresmos. Tem cara de comida simples, de comida de vó, mas é uma verdadeira explosão de sabores! Simplesmente delicioso!
Apesar de ser uma sopa, nesse dia o Chaque é servido como prato principal. Então, pra iniciar os trabalhos provamos primeiro o “rocoto relleno”, um dos pratos mais famosos da região e que estávamos saudosos por prová-lo outra vez!
O rocoto é uma espécie de pimenta encontrada no Peru e é muito usada na gastronomia do país. Ele vem recheado com um pedaço de ovo cozido, azeitona preta e carne bem picada cozida em vários temperos. Em cima da carne vai uma bela fatia de queijo. Tudo vai ao forno por 15 minutos e sai que é a coisa mais linda! Teodoro o serviu acompanhado de Pastel de Papas, uma torta que leva camadas de batatas, queijo e ovos. Salivamos só de recordar! Eita comida boa!
Num esforço sobrenatural, já que não havia espaço para mais nada, ainda pudemos provar Torrejas de Verduras, uma mistura de legumes com ovo e farinha que vão fritos em óleo quente. Um prato vegetariano muito, muito bom!
Saímos da Nuestra Picanteria super satisfeitos com o que o provamos, com o que vimos, com o que aprendemos. Incrível como os peruanos já sabiam combinar sabores e texturas em pratos que remontam a época pré-colombiana! Não é mesmo à toa que o país é considerado o principal destino gastronômico do mundo por anos consecutivos*!
Assista nossa jornada gastronômica!
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*https://www.peru.travel/es-es/que-hacer/actual/gastronomia/premios/mejor-destino-culinario-del-mundo.aspx