Se tem uma refeição que diz muito sobre a cultura de um local é o café-da-manhã. Ele pode ser rápido e leve, como na Argentina, que em geral não rende mais que uma xícara de café e um croissant sem recheio. Pode ser bem consistente, como a baixaria no Acre, que leva cuscuz, ovo e carne moída. Há a versão bem gordurosa das salsichas e omeletes americanos. Outros povos preferem começar o dia com pratos mais quentes, com muito caldo, como vimos no Peru.
No Equador tivemos uma experiência muito interessante no Hotel del Parque, em Guayaquil. É verdade que o café da manhã de um hotel de categoria luxo nem sempre oferece as opções mais tradicionais do seu país, internacionalizando seu cardápio, deixando de lado aquela comida servida em casa ou nas ruas da cidade, o que é uma pena. Para nossa felicidade, esse não é o caso do charmoso Hotel que fica localizado dentro do Parque Histórico da cidade.
Empanada de banana recheada com carne e a tortilha de milho com recheio de queijo estavam por lá, assim como o ceviche. Numa versão mais enxuta, com os temperos bem picadinhos, os camarões marinavam no caldo de limão com achiote, o nosso urucum.
Os chifles de banana e a pipoca estavam lá também pra quem quisesse um snack na hora do café.
A cozinha gentilmente ainda preparou o Tigrillo, um prato típico da cidade litorânea de Manabi feito a base de plátano verde e ovos. É, numa tradução culinária simples, o omelete dos equatorianos. O gosto? Formidável!
É claro que não faltaram as opções tradicionais como pão, embutidos, frutas e geleias. Entre esse o destaque para uma grande variedade de queijos, como brie, camembert, emmental, todos eles produzidos no Equador!
É verdade que o país não é um grande consumidor e produtor de laticínios, mas já é possível encontrar bons queijos nacionais maturados nas grandes redes de supermercado.
Depois de um café da manhã desses o nosso desejo era correr pelo lindo parque que contorna o Hotel, descansar mais um pouquinho e curtir Guayaquil por mais um dia. A hospitalidade e simpatia do pessoal do Hotel del Parque, a receptividade dos chefs dos restaurantes participantes do projeto e a comida de sabor surpreendente colocaram a maior cidade do Equador no nosso rol de cidades para retornar ao final o projeto.
Nessa viagem, nossa passagem por Guayaquil terminou por aqui. Logo depois do check out partimos em direção à capital Quito, com a previsão de chegada apenas na segunda-feira. No caminho faríamos algumas paradas para conhecer as belezas naturais do Equador.
Às cinco da tarde chegamos ao Parque onde está o vulcão mais alto mundo, o Chimborazo, com 6.268 metros de altitude. Do estacionamento do parque, onde a altura ultrapassava os 4.000 metros, era possível admirar toda a beleza do imponente vulcão nevado.
Quando a noite caiu o espetáculo ficou ainda mais bonito. Sem qualquer luz artificial, a lua cheia iluminava o cume nevado do Chimborazo. Só não era possível apreciar mais a cena cinematográfica por conta do frio. Ventos fortes, gelados e cortantes faziam o carro balançar. A altura fez Vinicius se sentir cansado e o meu estômago também reclamou; parou de trabalhar, provocando enjôos e mal estar. Um saco :/
Assim, sob a luz da lua e o barulho do vento, logo nos deitamos, esperando que no dia seguinte acordássemos melhor.