Aniversário em Machu Picchu

Águas Calientes, Peru. Dia 20 de outubro de 2007. Sábado. Quatro horas da manhã. O despertador fazia insistentemente a sua função, mas eu não queria levantar. Dois segundos depois me dou conta: é meu aniversário! Não, espera, hoje vou conhecer Machu Picchu!! Salto da cama num pulo e vejo que Vinicius, meu estimado marido (namorado na época), já está acordado, olhando pela janela a chuva torrencial que Deus mandava. Nossa trilha até Machu Pichhu melou, (um pouco aliviada) pensei. No mesmo instante o Vi decreta: vamos nos arrumar e tomar café, nosso guia já deve estar chegando!  Bom, quem está na chuva é pra se molhar… vamos nessa!

Águas Calientes – próximo ao nosso Hotel

Meia hora depois, nada do guia aparecer. Uma hora depois e nada. Ligamos para a agência que nos vendeu o pacote em Cusco e eis a solução que nos dão: “contratem um guia na entrada de Machu Picchu, qualquer um, e peçam para ele nos procurar que o pagaremos.” Óbvio que isso não vai dar certo, nos entreolhamos e pensamos. Quem prestaria o serviço sem receber? Quem iria acreditar na nossa história? Sem muita alternativa, fomos até o centro de Águas Calientes, de onde partem os micro-ônibus que levam os turistas até a cidade perdida dos incas. Nessa hora a chuva já havia dado trégua. Confesso que não estava nem um pouco chateada por não precisar fazer a subida a pé (hoje muito provavelmente a reação seria outra).

Logo estávamos na entrada de Machu Picchu. Nossa missão agora era achar um guia que topasse aquela proposta maluca da agência de Cusco. Vimos muitos guias por lá, todos cercados por um grupo muito grande de turistas… até que, pra nossa sorte(?), vimos um senhor mais afastado, com traços tipicamente peruanos, contando uns 60 anos. Ninguém ao seu redor. Chegamos mais perto e lançamos a proposta indecorosa. Ele ligou para a agência de Cusco e em três minutos tínhamos conseguido um guia exclusivamente para nós dois. Nada mal.

Machu Picchu
Vinicius sendo Vinicius

Mas o dia estava só começando… e era o meu aniversário. Eu nunca liguei muito para a data, mas esse dia eu lembrarei pra sempre. Foi muito especial.

Machu Picchu
As construções de pedras

Com saúde e disposição de um menino de vinte anos, o senhorzinho nos levou para todos os cantos daquele fantástico lugar. Contou-nos sobre os enigmas da cidade perdida e fez questão de registrar nossa passagem por lá tirando inúmeras fotos. Passamos a manhã toda em sua companhia e nos sentimos verdadeiramente privilegiados de ter um guia só pra nós.

Entre as paredes … entre o quarto e o banheiro 😀

O sol havia aparecido por entre as nuvens e o dia estava lindo. O verde das montanhas contrastava como azul do céu. O lugar já estava completamente tomado de turistas de todas as nações. Estava na hora de encararmos um novo desafio: subir o Huayna Picchu.

Machu Picchu
Huayna Picchu logo ali atrás

Confesso que apesar de jovem, meu preparo físico não chegava aos pés do nosso guia de sessenta anos. Por um momento fiquei pensativa se teria fôlego para subir os degraus sinuosos do monte por duas horas. Mas tomei coragem e dei o primeiro passo rumo ao topo. Com exceção de alguns trechos mais complicados, não foi tão difícil assim. Havia subestimado minha capacidade e estava feliz por ter encarado a aventura. Chegamos ao cume: uau! A vista de Machu Picchu de cima é sensacional.

Nem acreditava que tinha subido…
A vista lá de cima

Ficamos ali por alguns longos minutos. A verdade é que não dava vontade de descer. Contemplar a beleza daquele lugar foi realmente revigorante…mal sabia que toda a minha energia seria consumida por inteiro, até a exaustão, ainda naquele dia.

É que descendo o Huayna Picchu o Vi propôs irmos até Águas Calientes a pé. Como não fizemos a trilha na vinda, ao menos podemos fazer o trajeto de volta, disse ele. Tudo bem, pensei. Na descida todo santo ajuda! Foram mais 3 horas de caminhada até o hotel…isso depois de caminhar o dia todo e subir o Huayna Picchu! Eu não conseguia mais falar. Minhas pernas estavam bambas, eu tinha muita fome e só pensava em um lugar para deitar.

Machu Picchu
A descida de Machu Picchu até Águas Calientes
Machu Picchu
No meio do caminho

Chegamos quase noite no hotel. Fatigados, mas felizes. Depois de um banho e de minutos de descanso, era hora de comemorar nosso dia, meu aniversário, a vida… fomos ao centrinho do povoado. Paramos em um restaurante: dois pisco sour, por favor! E uma pizza média de locoto (pimenta bem picante), também!  Sentada ali, em frente ao amor da minha vida, meu pensamento transbordava gratidão… que dia perfeito.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *