Já imaginou pagar R$300,00 em uma passagem aérea São Paulo-Madrid? Imagine a nossa felicidade ao saber dessa promoção! Acrescidas as taxas de embarque não pagamos mais de R$1.500,00 para nós dois. Não tínhamos como negar a oportunidade! Conferimos nossas agendas, verifiquei meu saldo de férias e batemos o martelo: as passagens estavam compradas. Partiríamos dali 4 meses.
Era hora de planejar o roteiro da viagem… ver pontos de interesse, reservar hotéis, alugar carro…pera aí, por que não alugamos um motorhome?? Essa ideia já havia surgido no ano anterior, quando fomos para os Estados Unidos, terra dos RV, camper e afins. Foi o Vinicius quem sugeriu e eu aceitei na hora. Já que o curto período de férias não permitiria viajarmos de carro pela América do Sul, explorar a Europa de motorhome soou sensacional. Decidimos então que o nosso destino seria Portugal. País de pequena dimensão, conseguiríamos explorar boa parte do seu território nos nossos ínfimos 10 dias de viagem.
Os quatro meses passaram voando, foi um período de muito, mas muito trabalho para nós. Reservar o motorhome pela internet foi toda a programação que conseguimos fazer antes da viagem. Eu – confesso – estava um pouco apreensiva em saber como seria o banho (teria mesmo água quente?), como faríamos para descarregar o “lixo’ do banheiro e todas essas coisas que envolvem uma aventura de motorhome. Essa seria, certamente, uma viagem diferente de todas as outras.
A começar pela mala. De repente me dei conta de que roupa de cama, mesa e banho teriam que obrigatoriamente fazer parte do check-list. E mais, pano de chão, papel higiênico, esponja para lavar louças, um sabão em pedra talvez fosse útil. Como chegaríamos no final da tarde em Madrid, achei melhor levar daqui o que seria essencial e que não acrescentasse muito peso à mala. Abasteceríamos de comida e já estaríamos prontos para colocar o pé na estrada. Definitivamente aquela não seria a uma mala igual às outras.
Bom, chegado o dia, desembarcamos em Madrid e pelas 16:00 horas estávamos dentro de um táxi a caminho da loja em que havíamos feito a reserva do motorhome. Havia toda uma parte burocrática necessária a ser feita, contratar seguro e assinar muitas papeladas.
Tudo pronto, fomos ter a nossa primeira (e única) aula de sobrevivência no motorhome. O cansaço da viagem fazia tudo parecer mais difícil. Peguei o celular e comecei a gravar tudo o que o cara da loja nos falava sobre bateria, calefação, produtos químicos para o banheiro. Pronto. Tudo entendido (ou gravado), pudemos botar o pé na estrada rumo à Portugal.
Mas já era tarde da noite. Tínhamos que comprar comida e achar um lugar para dormir. A princípio você pensa, ah, dá pra parar em qualquer lugar…na Europa é tudo muito seguro, não precisa escolher muito o lugar para estacionar e dormir. Resolvemos não arriscar, não na primeira noite. Procuramos o camping mais próximo de onde estávamos num guia de campings comprado ali mesmo na loja que nos alugou o motorhome.
Antes disso, encontrar um supermercado era vital. Enquanto o Vini seguia as indicações de um aplicativo GPS off line, eu desfazia as malas e arrumava tudo nos armários da nossa morada. Simples, fácil, como brincar de casinha.
Logo adiante, achamos um supermercado…com estacionamento ao ar livre, perfeito para carros gigantes. O cansaço sumiu naqueles vinte minutos que passamos dentro do supermercado. Quase um santuário para nós, peregrinos, os supermercados, mercados, minimercados, feiras, mercearias, barracas de rua, mercados públicos, privados, em regime de concessão ou qualquer lugar que venda comida são para nós locais de adoração. Coisa séria, muito séria. Na cestinha já havia o melhor do presunto espanhol, queijo francês, pães fresquinhos, vinho nacionais e outras coisas de menor importância, como água e sucos.
Já quase ia esquecendo. O caminho que nos permitiu encontrar o mercado era o que nos levava a uma loja de bicicletas. Ainda no Brasil, enquanto eu me ocupava com o sabão, lençóis e toalhas, Vini pesquisava na internet uma loja próxima ao circuito aeroporto-motorhome-camping em que pudéssemos alugar bicicletas. E ele achou. Porém, não seria possível alugá-las, somente comprá-las. Vinicius então fez um acordo com o proprietário da pequena loja de bicicletas: ao final da nossa aventura, ele compraria as bicicletas de volta, por um valor menor, claro, representando, assim, um aluguel por seu uso. Negócio fechado.
Enquanto prendiam as bicicletas cuidadosamente ao motorhome, uma chuva leve, mas insistente começou a cair. As horas de vôo, as conexões, os trâmites de aluguel do carro, a negociação das bikes e, por fim, a chuva esgotaram nossas forças. Ela só se carregaria mais tarde, ao abrirmos a garrafa do vinho, que nessa altura já estava na geladeira para resfriar um pouquinho, até a temperatura ideal.
Em meia hora ou um pouco mais chegamos ao camping, já na estrada que seguia em direção ao país destino. Estaciona o carro, conecta a energia elétrica, testa a calefação e vê se tem água quente. Tudo certo. Hora do primeiro banho. A torneira que serve à pia, pendurada a um suporte, vira chuveiro e, voilá: água quente, ainda que em um espaço reduzido, o chuveiro deu conta do recado. E sobrou. Nem foi tão difícil assim. Muito fácil na verdade.
Depois do vinho e dos queijos e jámons a cama estava logo ali, a dois passos. Como poderia ser mais perfeito?
A gente curtiu tanto viajar desse jeito que anos depois resolveu se aventurar pelo mundo em um carro adaptado. Razões para viajar de motorhome não nos faltam!
Confira 7 excelentes motivos para você pensar nessa alternativa nas suas próximas férias: