A noite no posto El Caribe não foi das mais silenciosas, mas mesmo assim conseguimos dormir bem. Seguindo a rotina de quem vive na estrada, já no piloto automático, levantamos, usamos o banheiro e preparamos o café ali no pátio do posto.
Quando já havíamos acabado nosso café um senhor veio nos pedir, em tom de bronca de pai, para que não acendêssemos o fogo ali, tão perto do caminhão que transportava….gás GLP! Nem nos demos conta! Colocar fogo entre um caminhão cheio de gás e um posto de combustíveis foi meio impensado, bem coisa de quem acabava de acordar.
Logo depois da nossa presepada, partimos em direção à fábrica Sipan, que fabrica nada mais nada menos que alfajores gigantes. Sim, eu disse GIGANTES! A cidade de Lambayeque é famosa por seus alfajores que medem quase dez centímetros de altura, tem três camadas de recheio e é quase impossível não querer parti-lo ao meio…só pra ver como as camadas se comportam ao corte da faca.
Mas esse prazer não tivemos. Fiorella, a simpática responsável pela fábrica que tem quase vinte anos de existência, nos mostrou de perto como são montados os doces e ali mesmo, na produção, nos deu para provar a barra, formada por duas bolachas retangulares de uns quinze centímetros, recheadas com uma quantidade absurda de doce de leite e geleia de abacaxi. Entendeu porque não provamos o alfajor gigante? Simplesmente não deu!
A versão original que ganhou fama é a que leva uma camada de doce de leite, outra de geleia de abacaxi e a última de doce de amendoim, que leva batata doce e mandioca na sua composição!
Na cidade há outras empresas que fabricam o doce king kong, todas muito tradicionais, e por todos os lados você vê barraquinhas oferecendo o produto que custa entre 10 e 12 solis. Se você estiver a caminho do Peru vale a pena uma passagem rápida por aqui…a menos que você esteja de dieta. Difícil resistir a tanta tentação!
Depois dessa açucarada visita por Lambayeque rumamos para Piura, subindo mais uns quilômetros no mapa do Peru. Piura é uma cidade grande, portanto, caótica. O trânsito é daqueles que já cansei de descrever por aqui. Tuc-tucs, pedestres, carros, vans, caminhões e ônibus tentando passar ao mesmo tempo pelo mesmo lugar. Ah, faixa de pedestres não existe por aqui, muito menos faixas dividindo a pista. Quem chega primeiro, passa!
Bom, em Piura demos uma breve parada no mercado para comprar carvão, carne e frutas. Deu pra imaginar o que faríamos?
Mais encontro brasileiro à vista! Dessa vez conheceríamos pessoalmente Martin, Cíntia, Tiago e Gabriel. A família saiu de casa há uns dez meses, foram até o Alaska e já estão voltando para Ponta Grossa. Foi um encontro muito bacana, principalmente com a troca de experiência de quem já passou pelo caminho que ainda vamos trilhar.
Junto com a gente, no camping, ainda estavam Luis, que vocês já conhecem, e Richard, um venezuelano que viaja de bike. Ouvir as histórias de que viaja de bicicleta tem outra emoção! É muita coragem. Ele carrega 65 quilos na bicicleta, mais do que o seu próprio peso. Para ter uma ideia, Luis, que viaja de moto, carrega 100 quilos. Nós levamos ao total uma tonelada e meia… quanto maior, mais coisas levamos e quando nos deparamos com pessoas como Richard vemos que não precisamos de tanto.