Finalmente nos dirigíamos a Lima. Pelo nosso roteiro inicial, a essas alturas da viagem deveríamos estar chegando em Cartagena, na Colômbia….Nem sequer chegamos ao Equador!
Bem, nada é por acaso e nessa toada vamos aproveitando as oportunidades incríveis que estamos tendo para conhecer pessoas, alimentos, preparos e lugares incríveis.
O tempo estava fechado e as estradas bem congestionadas. Nada comparado a uma BR101 nessa época de festas, claro.
Chegamos por volta das onze da manhã. Nossos planos iniciais eram de ficarmos uns dias na casa de um Couchsurfing, então entramos em contato com ele para que nos indicasse a direção.
O apartamento ficava em um bairro mais afastado, ao norte da cidade e já pudemos sentir como funciona o trânsito pesado de Lima. O sistema de transporte público é bem deficitário, os carros são relativamente baratos, os tuc-tucs às pencas circulam por quase todos os bairros. A soma desses fatores tornam o ir e vir em Lima um caos. Buzinas são acionadas a todo momento. Paciência é uma palavra que os peruanos não entendem ou não querem fazer uso na hora em que estão conduzindo. É uma verdadeira loucura!
Bem, chegamos ao local onde iríamos ficar hospedados, mas em menos de uma hora nosso destino mudou radicalmente. O local não era bem a casa do hostes, mas um apartamento de sua propriedade que já estava sendo utilizado por 8 jovens estudantes do Brasil e Colômbia participantes de um projeto social.
Nada contra uma república de estudante, bem pelo contrários. Estávamos super dispostos a dividir o espaço com os universitários. Mas a realidade foi um pouco diferente do que se pode imaginar lendo essa primeira descrição do local.
Para começar, não havia quarto sobrando, então teríamos que pernoitar no carro que a essa altura estava estacionado na rua, em frente ao prédio. Para que colocássemos o carro na garagem do prédio, teríamos que alugar uma vaga, ideia que não nos agradava.
De toda forma passar uma noite ali não seria muito problemático haja vista se tratar de um lugar relativamente seguro, vigiado vinte e quatro horas. No dia seguinte a ideia era irmos a uma casa de praia onde passaríamos os dias que se seguiriam e, em especial, a noite de reveillón.
Ocorre que no meio tempo entre subirmos, conhecermos os estudantes e tomarmos um banho, algo de estranho aconteceu. Uma confusão se instalou de uma hora pra outra. As meninas alegavam que o proprietário do imóvel, o “nosso” hostes, teria lhes mandado uma mensagem pelo celular pedindo que deixassem o apartamento imediatamente. Supostamente ele não teria gostado de algo que elas teriam feito….tudo muito obscuro, estranho e confuso.
Vazamos!
Até agora não conseguimos entender ao certo o que se passou, mas o cheiro de coisa errada estava no ar e a gente não queria se envolver com problemas alheios.
Bem, o que era praticamente certo se tornou instável. Precisávamos procurar um local para ficarmos em Lima. O problema das grandes cidades é que em geral não há um espaço nas casas, não se pode parar em qualquer lugar e tudo é muito mais caro.
Procuramos por campings na internet… sem sucesso. Os postos de combustíveis nos grandes centros não são adequados para pernoitar…teríamos que ficar muito afastados do centro da cidade o que dificultaria muito nossa circulação pela capital.
Foi nessa hora que Vinicius se lembrou de Márcio, o brasileiro que conhecemos lá em Arequipa, no restaurante de Blanca (se você não leu sobre esse encontro, clique aqui).
Pois bem, Márcio trabalha em Arequipa mas mora com sua família em Lima. Ele havia nos entregue um cartão com o seu telefone pessoal e nos disse que poderíamos acioná-lo para qualquer energia.
Vinicius ligou então para Márcio para ver se ele sabia de um local, como um camping, em que poderíamos nos estabelecer na cidade. Ele prontamente disse que iria verificar com uns amigos peruanos e retornaria a ligação. Em alguns minutos Márcio nos ligou dizendo que não havia campings na cidade mas nos convidou a ficar na sua casa por uns dias, a partir do dia seguinte, quando ele estivesse de volta à capital!
Um convite e tanto! Procuramos então por um hostel para ficarmos naquela noite e, no dia seguinte, nos encontraríamos com a família de baianos que há oito anos mora no Peru.
Assim que encontramos um lugar para ficamos, descansamos um pouco e fomos caminhando até um local próximo para jantar. O dia havia sido agitado e mal almoçamos.
Entramos na polleria mais simples e mais próxima que havia da nossa hospedagem. As pollerias no Peru são como churrascarias no Brasil, tem uma a cada canto. O frango é muito consumido por aqui e em geral são muito bem feitos.
Nos fartamos com 1/4 de pollo, batatas fritas e uma cerveja. Depois de um dia complicado só queríamos algo simples, barato e saboroso.