Falando sobre o movimento vegan no México
Já comemos as mais variadas espécies de animais nessa viagem, desde cabrito, jacaré, porquinho da índia, caracol, além de insetos como gusanos e grilo, afora diversas partes de animais, como pulmão, coração, patas, intestino, etc…
Já dissemos que o nosso projeto é uma porta aberta ao conhecimento, à aprendizagem, ao experimento e por isso, nesse momento, provamos de tudo.
Mas isso não diminui nosso interesse por dietas restritivas. Pelo contrário. Quanto menos produtos disponíveis, mais criatividade em jogo. Tanto uma alimentação vegetariana como vegana são ótimas fontes de receitas, de maneiras distintas de comer um mesmo alimento, um poço rico de nutrientes de onde todos podemos beber independente da cultura alimentar que seguimos.
A dieta baseada em vegetais e livre de todos os alimentos de origem animal não deixa de ser um desafio: há que se acostumar a ler embalagens, os rótulos dos alimentos, há que estar atento em cada escolha para suprir todos os nutrientes necessários para manter uma boa saúde. Em resumo, ser vegano é muito mais do que ser amigo dos animais. É claro que nessa história toda há um pouco de modismo, mas acreditamos que a grande maioria faz parte desse movimento por convicção. Na essência, o veganismo é um ato político muito consciente e por isso tem todo o nosso respeito.
Quem falou um pouco pra gente desse universo veggie foi Suzana Gamboa, vegana e mexicana da gema.
Susana é chef por vocação e agora mesmo está prestes a abrir uma cafeteria e sorveteria artesanal. Foi ali, no espaço destinado a esse novo projeto, que fomos conhecê-la e provar um pouco das suas preparações voltadas a um alimentação veggie, saudável e feita com base em produtos locais. Quando chegamos, Suzana cozinhava flores de Jamaica com recado vermelho, um condimento super usado na cozinha mexicana feito de urucum.
Prontos já estavam o feijão moído refrito, a batata doce e abóbora cozidas em caldo de recado negro (condimento feito com pimentas queimadas) e o ceviche de manga com jícama, uma espécie de nabo branco. Tudo vegano e absolutamente delicioso!
Ah, para acompanhar, não poderiam faltar pequenas tortilhas de milho recém aquecidas no comal. Para que não fiquem borrachudas, Suzana contou o segredo que aprendeu com sua avó: passá-las rapidamente por água corrente antes de levá-las à panela quente. Assim as tortilhas hidratam e ficam macias.
Para beber, a famosa água de Jamaica, um refresco feito com chá da flor que serviu para preparar a cochinita.
Pra quem quer se tornar vegano, o conselho de Susana é começar aos poucos, devagar, deixando um alimento por vez para que o organismo se acostume a nova forma de se nutrir. Não dá pra ser radical e tirar todos os alimentos de origem animal da dieta de uma só vez.
É por isso que acreditamos que um acompanhamento profissional no início desse processo seja muito importante. Um nutricionista ou um nutrólogo saberá orientar essa transição sem que a saúde fique debilitada. E pra quem acha que a alimentação vegana é monótona, uma boa notícia: a cada dia conhecemos mais e mais restaurantes e preparações completamente voltados a esse estilo. E estão saborosíssimos! Certamente esse já deixou de ser um fator que desestimula a adoção de uma dieta vegana.
Nossa quarta-feira foi assim, conhecendo um pouco mais dessa vertente da gastronomia que ganha cada vez mais adeptos. Para Susana e toda sua turma de amigos entusiasta da comida saudável, muito sucesso com a nova cafeteria!