Dias 269 e 270 – 28 e 29 de maio – Segunda e Terça-feiras: Chegando em Tabasco

Descobrindo novos sabores mexicanos

A noite na casinha, a beira mar, foi bem tranquila, sobretudo quando desligaram o som alto do bar ao lado que tocava mais funk brasileiro que música mexicana.

Se tem uma coisa que o Brasil exporta muito, e não sei se podemos ter orgulho disso, é o funk. O batidão está por toda a América, talvez mais que o rap americano. Sabemos que o funk é expressão cultural e por isso deve ser respeitado, mas ficamos totalmente sem graça quando nos pedem para traduzirmos a letra da música. Eu sempre desconverso! rs

Além da música, a vegetação por aqui também lembra o Brasil. Nessa segunda feira, que cruzamos o Campeche para chegar ao departamento de Tabasco, sentimos a mudança da vegetação. Árvores maiores, floresta mais densa e muitos pés de frutíferas sinalizavam que o solo por essas bandas era mais fértil que em Yucatán. Vimos muitas mangueiras, limoeiros e cajueiros carregados. É, tem caju no México, imaginava?

Já era meio dia quando chegamos em Villahermosa/ Tabasco, o estado que deu origem ao nome do molho de pimenta mais consumido no mundo.

A periferia da cidade assusta um pouco, mas o centro é bonito, com ruas arborizadas e prédios coloniais bem conservados. O que assusta mesmo é o calor, a temperatura estava sempre próxima dos 40°C! Deu pra sentir saudade do friozinho gostoso de Quindio, na Colômbia ou de Cuenca, no Equador.

Mas tudo indicava que o calor estava com os dias contados. Os próximos destinos eram de altitude mais elevada, com temperaturas mais amenas.

Enquanto o frio não chegava, nossa dura missão foi comer caldos, feijoadas e outras preparações quentes em Villahermosa. A parte do “dura missão” é sem dúvida uma ironia de minha parte. Provar comida boa e conhecer uma cultura gastronômica nova são sempre um grande prazer pra gente, qualquer que seja a temperatura ambiente.

Nosso ponta pé em Villahermosa foi num restaurante estilo buffet, com comida típica. Quem nos levou até lá foi Beatriz, uma amiga de uma grande amiga nossa. Enquanto percorremos o buffet, Beatriz nos foi explicando as diversas preparações mexicanas.

Entre as mais curiosas estavam: Consomê de Pavo (sopa de peru), Mole de galinha (frango ao molho típico mexicano), Chirmole de costillas de res (costela de vaca ao molho espesso de tortilhas), Marqueta de feijão (feijão refrito com muita banha de porco), Tamales de chipilin (o tamal com folha de uma planta típica da região), Arroz com menudencia (arroz com miúdos, como fígado e rins), Puchero de res (caldo de carne com batata e milho) e Galina horneada (frango assado envolto de molho negro).

sabores mexicanos
Mole de Galinha, o prato mais icônico do México é uma explosão de sabores!
sabores mexicanos
Língua ! O corte super consumido no Brasil também é tradicional em Tabasco.
Costela bovina com molho denso de especiarias
sabores mexicanos
À esquerda, o bolinho doce de mandioca; à direita, feijão moído com manteiga de porco
sabores mexicanos
Feijoada!!
Arroz branco com miúdos!
Milho, malanga e batata doce chips com feijão pra começar
Queijo branco com mel pra adoçar

Dentre essas havia ainda feijão com porco, a nossa feijoada brasileira com a principal diferença de que no México a carne de porco não está defumada.

Todas as preparações estavam muito saborosas (sim, provamos um pouquinho de tudo), mas o que mais nos agradou foi o mole e a galinha horneada. Os molhos feitos com uma dezena de variedades de chiles e especiarias ganhou nossos paladares porque deixam qualquer preparação simples, sensacional.

De sobremesa, a oferta era bem menor. Provamos Torrejita de Yuca, um bolinho feito só de mandioca com açúcar frito que estava bem gostoso. Outra opção mais tradicional era queijo panela (queijo branco) coberto com mel.

Saindo do restaurante e passando por uma.pequena horta de temperos, descobrimos que chicória aqui Tabasco não se chama culantro, mas perejil, o que numa tradução literal do espanhol seria salsinha. Uma verdadeira confusão!

Apesar de todos falarem espanhol, o nome dos alimentos vão mudando de país para país, de região pra região. Sabe aquela historia de aipim, mandioca, macaxeira? Multiplique por 11 países hispanohablantes e todas as suas subdivisões e você terá uma noção de como está nossa cabeça (rs)!

sabores mexicanos
Culantro ou perejil: a chicória ganha um nome diferente em cada canto!
Matali, mais que uma planta ornamental

Por fim, ainda conhecemos mais um vegetal consumido por aqui que cremos ter no Brasil onde é usado somente para ornamentar. Aqui a planta de cor roxa e verde é chamada de t e serve para fazer refresco. Primeiro a folha é fervida e depois é agregado suco de limão e açúcar. Ainda não tivemos a oportunidade de experimentar, mas os tabasquenhos garantem que é gostoso e refrescante. Você conhece Matali? Ficamos curiosos para saber o gosto que tem!

Depois fomos para casa de Beatriz, onde passaríamos um par de dias, tempo suficiente para nos reorganizarmos, lavarmos roupa, trabalharmos e querermos fugir para o pólo norte. Eita cidade quente!

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