Sem exagero, nesse dia vimos as mais belas praias do litoral brasileiro, pelo menos até nesse ponto da viagem. Passando por São Miguel dos Milagres, Japaratinga, Margogi, Peroba e, já do lado de Pernambuco, Tamandaré e Carneiros.
Praias espetaculares, com o mar de um azul límpido de tirar o fôlego. O contraste com a pobreza dos lugares também impressiona. Duas quadras da praia belíssima um monte de lixo se amontoa em algum terreno.
Mas nas praias não vimos lixo, também não vimos muita gente. Baixa temporada. Sorte a nossa.
Nossa passagem por Pernambuco foi bem rápida, certamente não ficamos tempo suficiente para conhecer a culinária típica do Estado. Mas a mistura de insegurança e morar/dormir dentro do carro não deixou que ficássemos mais. Por outro lado, se o tempo foi curto, foi proveitoso.
Quem nos mostrou um pouco da culinária de Pernambuco foi Rosilene, dona do restaurante Casarão, na Praia de Tamandaré, entre Maragogi e Porto de Galinhas. Antes de mais nada é preciso dizer que a praia de Tamandaré é linda, o mar é aquilo tudo que já descrevi linhas acima e não perde em nada para as praias mais famosas.
Bom, Rosi preparou pra gente uma Peixada, um prato bem típico não só de Pernambuco, mas de todo litoral nordestino, contando apenas com algumas variações de ingredientes de local para local. O prato que leva peixe frito e leite de côco, é incrementado com vários legumes. O preparado pela Rosi levou repolho (em pedaços bem grandes), cenoura, xuxu, batata-doce, ovos já cozidos e tomate em rodelas. Ingredientes simples mas que ganham sabor ao serem misturados a um caldo de legumes crus e ao leite de côco, é claro.
Como acompanhamento da peixada nordestina Rosi serviu arroz branco e pirão de ovo. Esse pirão foi uma surpresa pra gente. Outro prato super simples, mas com um sabor bem interessante, diferente dos pirões feitos com caldo de peixe que estamos acostumados a comer.
Vamos tentar reproduzir esse pirão algum dia no carro. Depois contamos…
Bom, saindo do restaurante de Rosi, nossa ideia inicial era ir até Porto de Galinhas. Mais pela fama do que pela culinária. Rosi nos alertou que a publicidade era maior que a beleza e que a praia de Tamandaré era muito mais bonita. Acreditamos. Porto de Galinhas ficará para uma próxima oportunidade…sem carro, sem roteiro, num resort paradisíaco (pensamento positivo é tudo! rs).
Demos uma passada na praia de Carneiros e constatamos que, de fato, aquele litoral é abençoado.
Nos despedimos das belas praias e tocamos sentido norte.
Antes que chegássemos na BR101, fomos parados pela Polícia estadual. Gelamos.
Eu (Dani), acabava de retornar ao meu assento. Resolvi pegar meu notebook para escrever um pouco e nessa hora desengatei o cinto de segurança para conseguir alcançar o computador. Antes que eu pudesse recolocar o cinto, fomos parados. Era multa na certa.
O policial pediu para ver os documentos do Vinicius e do carro. Depois perguntou o que levávamos nos bancos de trás. Em seguida pediu para abrirmos o carro para que ele pudesse dar uma olhada. A cara de poucos amigos nos fez calar e responder o estritamente necessário.
Talvez nossa polidez, nosso sangue frio, nosso rostinho bonito (rs) ou todas as orações que consegui fazer em cinco minutos tenham nos livrado de uma notificação. O fato é que o policial mandou seguir em frente e nem percebeu que eu estava sem cinto. Ufa!
Seguimos nossa viagem pegando a rodovia federal. Nas proximidades da entrada de Recife, muito trânsito, caminhões, barbeiragens e imprudências. De repente, o trânsito parou. Obras na rodovia, estreitando duas pistas para uma, fez com que andássemos muito pouco em mais de uma hora de congestionamento.
Às cinco da tarde a noite caiu e a mistura de escuridão, rodovia parada e um cem tipos de vendedores ambulantes ao redor do carro nos deu um certo desconforto. Mas não havia opção. A melhor era permanecer ali e tocar em frente para sair do caos da macrorregião do Recife o quanto antes.
Quando finalmente o trânsito fluiu, uma chuva daquelas despencou do céu. Escuridão, cansaço, chuva… só queríamos chegar a um local seguro. Encontramos um posto de gasolina indicado em um aplicativo que costumamos usar.
Não era propriamente um posto em que caminhoneiros pousavam, mas um posto de cidade mesmo. Sem chuveiros. Estávamos em Goiana, Pernambuco, já quase na divisa com Paraíba.
Sem outra opção, resolvemos ficar por ali mesmo. O banho ficaria para o outro dia. O posto tinha internet e funcionava 24 horas. Apesar do barulho, estaríamos seguros.
Nosso dia terminou com duas latinhas de cerveja e um bolo de rolo vendidos na conveniência do posto. Não podia passar por Pernambuco sem comer bolo de rolo… por menos artesanal que ele fosse. E, naquelas alturas, depois de tanta tensão e cansaço, pareceu o melhor bolo de rolo do mundo.