Dia 278 – 6 de junho – Quarta-Feira | Mercado Público de Juchitán: só para os fortes

Depois de quase uma semana pela região de Chiapas, era hora de pegar estrada outra vez. Percorremos mais de 400km até chegarmos em Matlatán.

Saímos de Tuxtla às 8 da manhã, logo depois que entregamos as chaves da casa para Alejandro, um dos nossos anjos da guarda em Chiapas. Foi a primeira vez na viagem que tínhamos ficado em um lugar sozinhos. Apesar da casa estar completamente sem móveis (está para alugar), descemos nosso colchão, nossa geladeira e nosso fogão do carro e fizemos dela nosso lar por uma semana.

Nessa manhã, colocamos tudo dentro da nossa casinha outra vez e seguimos para Oaxaca, um dos Estados mexicanos mais famosos em termos de gastronomia.

Nos primeiros quilômetros fomos parados três vezes por policiais e pelo exército. Eles estão por toda parte, assim como também haviam na Colômbia. Junto com o Brasil, o México está no topo dos países com cidades mais perigosas do mundo. Mas não vamos falar de dados sobre criminalidade. Vamos falar de coisa boa.

Seguimos nosso caminho até a caótica cidade de Juchitán. Caótica porque o trânsito é um mar de tuc-tucs desgovernados e a ruas estão cheias de areia e concreto, um verdadeiro canteiro de obras.

Paramos ali com uma só finalidade: visitar o mercado 5 de noviembre. Tinham nos avisado que o mercado não era o mais bonito do México, mas que ali encontraríamos coisas bem curiosas. E encontramos mesmo. Dos chiles dos mais variados tipos (jalapenho, habanero, chipotle, serrano, de árbol, ancho, poblano, etc…) até ovos de tartaruga, cuja venda e consumo são proibidos!

Vinicius batendo papo no mercado: absorvendo conhecimento popular
Tlayuda Oaxaquenha: tortilhas gigantes tostadas com consistência um pouco borrachuda
Nicuatole: doce típico de Oaxaca feito de massa de milho, açúcar, canela e leite.

Cabeças de vacas inteiras são expostas sobre a bancada sem refrigeração. Eu disse inteira, com os dentes, língua, tudinho. Não sei se foi depois que vi a segunda ou a sétima cabeça que eu comecei a passar mal. O calor e o cheiro forte também ajudaram. Nem foto do curioso corte de carne tiramos, eu só precisava sair daquele lugar e respirar ar puro.

Abandonamos a ideia inicial de comermos algo por ali. Era pedir para passar mal. O calor e as moscas de baixo daquelas lonas das barracas eram tantas que o apetite sumiu. Dessa vez não deu pra encarar.

Seguimos caminho e quando encontramos um lugar um pouco mais ventilado paramos para almoçar. Quesadilhas de flor de abóbora, champignon, chorizo e carne de porco foram o nosso pedido. O lugar não era tão mais higiênico que no mercado público. As moscas também estavam por ali, mas o lugar estava tão cheio de locais que nos pareceu seguro. E, de fato, as quesadilhas estavam muito boas. Até o momento em que escrevo essa linhas, nossos estômagos não reclamaram.

Seguimos em direção à capital do estado. Pelo caminho, a paisagem foi mudando aos poucos. Saímos da zona frutífera para um terreno bem acidentado, cheio de pedras, cactus gigantes e plantações de maguey. Estávamos chegando na maior região produtora de mezcal do mundo. Mas isso é assunto para o próximo post.

Já eram quase oito horas da noite quando paramos em um posto Pemex para descansarmos. Os dias de verão mexicano são longos e o sol se põe tarde, para a nossa sorte. Dividimos uma única cerveja, abrimos nossa casinha e nos pudemos a dormir.

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