Depois de quase uma semana pela região de Chiapas, era hora de pegar estrada outra vez. Percorremos mais de 400km até chegarmos em Matlatán.
Saímos de Tuxtla às 8 da manhã, logo depois que entregamos as chaves da casa para Alejandro, um dos nossos anjos da guarda em Chiapas. Foi a primeira vez na viagem que tínhamos ficado em um lugar sozinhos. Apesar da casa estar completamente sem móveis (está para alugar), descemos nosso colchão, nossa geladeira e nosso fogão do carro e fizemos dela nosso lar por uma semana.
Nessa manhã, colocamos tudo dentro da nossa casinha outra vez e seguimos para Oaxaca, um dos Estados mexicanos mais famosos em termos de gastronomia.
Nos primeiros quilômetros fomos parados três vezes por policiais e pelo exército. Eles estão por toda parte, assim como também haviam na Colômbia. Junto com o Brasil, o México está no topo dos países com cidades mais perigosas do mundo. Mas não vamos falar de dados sobre criminalidade. Vamos falar de coisa boa.
Seguimos nosso caminho até a caótica cidade de Juchitán. Caótica porque o trânsito é um mar de tuc-tucs desgovernados e a ruas estão cheias de areia e concreto, um verdadeiro canteiro de obras.
Paramos ali com uma só finalidade: visitar o mercado 5 de noviembre. Tinham nos avisado que o mercado não era o mais bonito do México, mas que ali encontraríamos coisas bem curiosas. E encontramos mesmo. Dos chiles dos mais variados tipos (jalapenho, habanero, chipotle, serrano, de árbol, ancho, poblano, etc…) até ovos de tartaruga, cuja venda e consumo são proibidos!
Cabeças de vacas inteiras são expostas sobre a bancada sem refrigeração. Eu disse inteira, com os dentes, língua, tudinho. Não sei se foi depois que vi a segunda ou a sétima cabeça que eu comecei a passar mal. O calor e o cheiro forte também ajudaram. Nem foto do curioso corte de carne tiramos, eu só precisava sair daquele lugar e respirar ar puro.
Abandonamos a ideia inicial de comermos algo por ali. Era pedir para passar mal. O calor e as moscas de baixo daquelas lonas das barracas eram tantas que o apetite sumiu. Dessa vez não deu pra encarar.
Seguimos caminho e quando encontramos um lugar um pouco mais ventilado paramos para almoçar. Quesadilhas de flor de abóbora, champignon, chorizo e carne de porco foram o nosso pedido. O lugar não era tão mais higiênico que no mercado público. As moscas também estavam por ali, mas o lugar estava tão cheio de locais que nos pareceu seguro. E, de fato, as quesadilhas estavam muito boas. Até o momento em que escrevo essa linhas, nossos estômagos não reclamaram.
Seguimos em direção à capital do estado. Pelo caminho, a paisagem foi mudando aos poucos. Saímos da zona frutífera para um terreno bem acidentado, cheio de pedras, cactus gigantes e plantações de maguey. Estávamos chegando na maior região produtora de mezcal do mundo. Mas isso é assunto para o próximo post.
Já eram quase oito horas da noite quando paramos em um posto Pemex para descansarmos. Os dias de verão mexicano são longos e o sol se põe tarde, para a nossa sorte. Dividimos uma única cerveja, abrimos nossa casinha e nos pudemos a dormir.