Sexta-feira, sol, calor, praia. O mar estava em frente o hostal em que estávamos, a pouquíssimos metros e nem tivemos o prazer de sentir a água nos pés. É certo que não somos as pessoas mais apaixonadas por praia, mas o tempo estava convidativo.
– Desculpe mãe natureza, o convite terá que ser recusado. Vinicius precisa editar os vídeos e eu tenho que fazer uma faxina daquelas na casinha.
Depois de dias na serra e com a “festa” do dia anterior, muita coisa precisava ser organizada. E assim foi a manhã inteira. Luiz, nosso amigo chileno, só apareceu na cozinha do hostal quase meio dia, quando iniciávamos o preparo do nosso almoço.
À tarde, mais trabalho. O ambiente que inicialmente me pareceu hostil já ganhava contornos mais amigáveis. Apesar dos gatos não me deixarem em paz e da limpeza do lugar permanecer a mesma 48 horas depois da nossa chegada, as pessoas acabaram transformando o local em um ambiente mais agradável do que aquele previamente visto com os olhos “cegos” de quem foi criada no meio da limpeza e da organização.
Desde que saímos de casa nos propormos a ver as coisas sem preconceito, sem fazer prévio julgamento, o que de fato é essencial para conseguir se conectar com as infinitas possibilidades que o mundo oferece. Tem sido um exercício constante, difícil, mas quando conseguimos nos desprender dos antigos valores a realidade ganha outros contornos e tudo fica muito mais fácil. Aceitar as coisas do jeito que são e não como gostaríamos que fossem tem sido a chave para superar pequenos desafios pessoais que a estrada nos apresenta.
Bem, no cair da tarde precisávamos sair um pouco e tomar ar, nem que fosse para ver a praia do outro lado da rua. Diferentemente das outras praias pelas quais passamos, em Huanchaco, o balneário que fica ao norte da cidade de Trujillo, elas estavam lotadas. Talvez a vinda do Papa Francisco tenha contribuindo para a superpopulação na época em que estivemos por lá.
O Papa Francisco chega em Trujillo em 20 de janeiro e por todos os lados há placas de boas vindas e fotos do pontífice. Do terraço do hostal pudemos inclusive acompanhar o ensaio de dança típica de um pessoal que fará apresentação na sua chegada. Bem curioso!
Bom, fomos procurar algo simples para comer. Luiz foi com a gente. Acabamos nos tornando amigos de estrada e de hostal. Um cara sossegado, magro como eu era antigamente (rs) que está percorrendo o mundo, sozinho, de moto. Você teria coragem?
O jantar em sua companhia foi muito agradável. Entre um gole de sangria e outro trocávamos ideia sobre a vida no Peru, no Chile, no Brasil e nos países em comum que já conhecíamos. Não há fim para uma conversa como essa e quando vimos já era quase meia noite. Hora de voltar ao hostal, descansar e nos preparar para mais um dia de volta ao mundo.
Daniela, gostei do texto, mas que o texto o “existencialismo” que permeia a vida vivida, em particular pra vocês que fazem das suas vidas uma vitrine para expor experiências e conectividade… sucesso e muita paz!