Acordamos às cinco da manhã com o sol já refletindo no Lago Titicaca. Antes de fazer o café precisávamos de pão. Valentim, o peruano dono do local onde ficamos hospedados, logo indicou uma vendinha bem próxima. Seis pães por 1 Sol. Ainda compramos um quilo de aveia por 5,50. Queríamos frutas, mas ali não havia.
Perguntamos onde poderíamos encontrar ali por perto e o senhor nos disse que era dia de feira, que mais adiante, uns dez minutos de caminhada, encontraríamos o que estávamos procurando.
Fomos então caminhando até o centro do pacato e simpático vilarejo. Era seis e meia da manhã e a feira ainda não estava completamente montada. Ainda assim foi possível encontrar algumas coisas curiosas. Camote, a batata doce e alaranjada. Uvas e figos desidratados. Tomate e cenoura. Quando pedimos por frutas a senhora nos disse que tinha “mangos y pepinos“. A cara do pepino era bem diferente do que conhecemos. A peruana disse que era doce e levamos três pra “casa” para provar.
E não é que é doce mesmo? A aparência por dentro lembra mesmo um pepino, mas o sabor é …de melão! Bem suculento e docinho!
A batata cozinhamos já no almoço que foi servido com a vista para o Lago sob o sol forte. Isso tudo depois de já termos trabalhado, lavado roupas e limpado a casinha. Tudo sob a supervisão das Alpacas de Valentim.
A vida no povoado de Llachon tem outro ritmo. O pouco que estivemos com os moradores locais foi o suficiente pra ver que ali não há pressa, nem preocupação. O bom dia é bem pronunciado, com um sorriso no rosto e olhos nos olhos. Os afazeres giram em torno do cuidado da plantação de batatas e dos animais, alguns porcos, ovelhas e alpacas.
As casinhas são simples e contam agora com banheiro externo com chuveiro com água quente construído pelo governo. Internet? Nem pensar. Nem nas hospedagens. Por lá o mundo virtual ainda é ficção.
Foi ótimo ficar vinte e quatro horas completamente desconectados, sem qualquer possibilidade de conexão. Ali, com a vista para o Titicaca, sem interrupções cibernéticas, a única preocupação era saber se nossos familiares estavam bem e se eles estariam preocupados com o nosso “sumiço”.