Se a vida é um ciclo nada mais justo que compartilhemos nossas experiências e aprendizados com os demais. Esse sempre foi um dos grandes objetivo do nosso projeto: dividir!
Sabemos da grande oportunidade que temos em poder realizar esse projeto, que na verdade é um grande e ambicioso sonho. Viajar e comer são provavelmente as duas coisas que as pessoas mais gostam de fazer no mundo. Mas como você já sabe, querido leitor, nossa aventura gastronômica vai um pouco além. Descobrir sabores é só uma parte do que nos propomos quando saímos de casa.
Nesse nosso caminho que quase completa 9 meses, já vimos inúmeras belas iniciativas voltadas à sustentabilidade, produção de orgânicos, defesa dos produtos artesanais, permacultura, movimentos sociais voltados ao combate do desperdício alimentar e ao resgate das tradições culinárias. E foi um pouquinho de tudo isso que tentamos dividir com os alunos do Curso de Gastronomia da Universidad de Oriente, na cidade de Valladolid, México, nessa quinta-feira.
Cada vez mais temos visto que o papel do chef transpassa os metros quadrados de uma cozinha. Ser chef hoje é também ser responsável pela manutenção de alimentos autóctones e da cultura gastronômica de um povo. Esperamos que os alunos – especialmente dessa região do México que é herdeira da civilização Maia – levem a sério essa responsabilidade.
Bem, depois da palestra, César nos levou a uma tamaleria, um lugar especificamente voltado à preparação do envolto de milho primo da nossa pamonha. Os tamales são muito consumidos nas Américas e das mais variadas formas. Cada região acrescenta ingredientes e temperos diferentes. Na tamaleria de Valladolid, eles preparam tamales simples de massa de milho moído e também com urucum, deixando-os mais vermelhinhos. Via de regra eles são cozidos em água, mas aqui também os preparam no vapor ou assados no forno. Alguns são com carnes e outros apenas com vegetais. Tem para todos os gostos!
Provado e aprovado o tamal, era hora de voltarmos para casa. Lisa estava nos esperando para almoçar! Antes, porém, passamos em um restaurante muito simples, com uma cozinha rústica, para conhecermos o preparo Pop Chuc, outro prato típico da região de Yucatán. Pop chuc nada mais é do que carne de porco feita na chapa do fogão à lenha, ou seja, enquanto assa vai sendo naturalmente defumada.
Levamos uma porção para provarmos em casa e aproveitando o embalo, levamos também um “huevo encamisado”, um ovo envolvido por tortilha (prima da arepa com ovo colombiana). A tortilha é feita em comal e assim quem infla, formando uma bolha, é feito um pequeno furo por onde é colocado um ovo cru. A tortilha então volta para o comal até o que ovo esteja cozido.
Os dois pratos típicos yucatecos se juntaram ao purê de macal e ao caldo de lentilhas feito por Lisa e na tranquilidade do rancho Lumm Ayni almoçamos em boa companhia.
Aprender, ensinar, receber e doar. Assim vamos seguindo, felizes e contentes levando nosso propósito adiante.