Dia 74 – 14 de novembro – Terça-Feira: Lençóis Maranhenses – Frustração sim, tristeza não.

Pelo relato do dia anterior, já dá pra imaginar que procurar um banheiro era essencial logo que acordamos. Foi só o tempo de fechar nossa casinha e seguir caminho. Mais a frente havia outro Posto de combustíveis com banheiro feminino (sem chuveiro) e o problema estava (parcialmente) resolvido.

Só para esclarecer: esse segundo posto não era 24 horas e não havia local para pernoitarmos, por isso não paramos ali na noite anterior.

Bem, era dia de explorar as belezas de Lençóis Maranhenses! Estávamos super animados!

É claro que em se tratando de um Parque Nacional, uma reserva, algumas restrições se aplicam na hora da visitação, assim como acontece em Jericoacoara. Assim, na intenção de obter informações seguras sobre os limites do Parque e sobre a possibilidade de entramos com nosso próprio carro, procuramos o ICMBio, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, responsável pela manutenção, preservação e fiscalização do Parque.

                                                           A balsa que pegamos para chegarmos até o ICMBio

Lá falamos com o responsável que nos deu algumas notícias frustantes…

A primeira foi a de que em meados de 2017 uma Portaria proibiu a entrada de veículos particulares não credenciados no Parque. A medida, segundo o responsável, foi tomada na tentativa de preservar o parque e coibir as “algazarras irresponsáveis” dentro da unidade de conservação.

A segunda notícia frustante foi a de que chegamos na época errada em Lençóis. A seca fez desaparecer as piscinas naturais que se formam entre as Dunas. As poucas que ainda permaneciam com água estavam tomadas por sanguessugas.

A terceira e última notícia era de que o passeio com alguma agência não sairia por menos de R$100,00 por pessoa…

A partir daí, duas opções nos restavam. Ir até a praia de Atins, por fora do Parque e lá tentar negociar o preço com algum guia par tentarmos a sorte e ver se encontrávamos alguma lagoa (ainda que com sanguessugas) ou ir até Santo Amaro e tentar a mesma sorte. [O parque é gigante e faz limite com algumas cidades, como Atins, Santo Amaro e Barreirinhas, sendo essa última a principal delas.]

Sopesando as probabilidades, ir até a praia de Atins seria mais vantajoso. Se nada desse certo, ainda teríamos a praia. Parecia a decisão mais acertada, mas em poucos metros de estrada, desistimos da ideia. O caminho até Atins era pelas areais das dunas e estava exigindo demais do nosso carro. Não que ele não tivesse potência suficiente para atravessar, mas carregamos nossa casa dentro dele, lembra? Andar a 10 km/h com tudo balançando dentro do carro por 30 km não nos pareceu nada animador.

Então nos agarramos à segunda opção e pegamos estrada sentido Santo Amaro, que ficava a duas horas de estrada recém asfaltada. Ótima ideia. Calibramos os pneus  e partimos. Duas horas depois, chegamos na …areia? Sim, a estrada acaba na areia e pra chegar a Santo Amaro tivemos que novamente murchar os pneus e colocar o 4X4 pra funcionar.

Enquanto Vinicius esvaziava os pneus com a ajuda nosso compressor de ar, meninos com menos de dez anos que saíam da escola se aproximavam curiosos do carro. Vinicius respondeu às perguntas deles e, eles, às nossas, indicando o caminho a seguir até a cidade.

Em poucos metros (de areia bem fofa) chegamos a beira de um Riozinho. Do outro lado era possível ver algumas casas. Paramos ali para entender como se chegava ao outro lado. Decidimos que seria um bom lugar para almoçarmos.

Logo chegaram outras crianças para saber mais sobre o carro. Novamente os meninos nos indicaram o caminho que foi confirmado por um senhor que apareceu ali logo em seguida. Para chegar a Santo Amaro não há outra alternativa, somente atravessando o rio.

Ficamos na dúvida, mas o senhor disse que na cidade haviam guias que podiam nos levar a conhecer os lençóis… que ainda poderia ser vistas algumas lagoas com água.

Resolvemos dar uma última chance a Lençóis e cruzamos o rio. A travessia foi tranquila, mas nos custou a placa dianteira do carro… :/

                                                Vinicius conferindo a profundidade do rio e melhor lugar para atravessarmos

Fazer o que? A sorte é que levávamos uma placa sobressalente por garantia.

Chegando ao centrinho da cidade quase tudo estava fechado, inclusive a cooperativa dos guias que leva os turistas a fazerem os passeios. Demos uma volta em busca de informação e encontramos um homem que fazia a manutenção em um quadriciclo, desses mesmos que o pessoal usa para ir até as dunas. Ele nos confirmou que as piscinas estavam secas. Disse ainda que um amigo poderia nos levar a conhecer lugares bem bonitos, ainda que com a água rasa, a um custo de… R$ 250,00!

Era o que precisávamos para desistir de vez de Lençóis. Uma pena. As belas dunas e o Riozinho transparente e tranquilo que vimos foram aperitivos. Levaremos na memória uma bela impressão do lugar. Um dia, na época certa, voltaremos.

Estrada! Era o que nos restava. Seguimos até Bacabeira, a 50 km da capital São Luís. Depois de perguntar em alguns postos finalmente conseguimos encontrar um ótimo lugar para passarmos a noite. Um posto vinte e quatro horas, com chuveiro e banheiros limpinhos e um local bem silencioso para deixarmos o carro.

Depois da noite anterior era disso que precisávamos! Ainda foi possível lavarmos nossas roupas e estender no varal que havia por lá. Nossa sopa do dia anterior virou bolinho de arroz. Vinicius levou alguns aos frentistas que iriam trabalhar no turno da noite.

E assim encerramos o dia. Um pouco frustrados por não termos visto a paisagem típica de Lençóis, mas muito felizes por termos vivido mais esse dia de aventura e por fim encontrarmos um ótimo lugar para descansarmos.

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