Dia 73 – 13 de novembro – Segunda-Feira: Conhecendo um pedaço do paraíso

Vinicius acordou melhor, mas mesmo assim o dia foi de alimentação bem levezinha. Granola, bolachas de água e sal e sopa compuseram nosso cardápio naquela segunda-feira.

Mas a restrição foi só alimentar. Não teve limites para a aventura e para as paisagens naturais. Colocamos o aplicativo de trilhas pra funcionar e fomos até a Lagoa Paraíso. O caminho é todo de areia fofa e agora, já mais acostumados com o terreno, nos divertimos pra valer com o off road!

[Se você for a Jeri de carro sem 4X4 o conselho é: não tente ir lá sozinho, muito menos sem um bom GPS que indique o caminho. São vários os caminhos marcados na areia sem sinalização. E a areia fofa exige bastante do carro. Imagino que mesmo com os pneus bem murchos, um carro sem tração fique facilmente atolado].

Ao chegarmos na lagoa, nem dava para acreditar. Não havia praticamente ninguém. Pra ser sincera, dividíamos todo aquele paraíso com apenas um casal. Deu pra curtir com muito sossego as águas transparentes dentro das redes e do pergolado montados dentro da lagoa.

                                                                                 Lagoa Paraíso – Jericoacoara

Detalhe importante: em geral, para acessar a lagoa você precisa passar por dentro de algum estabelecimento, um restaurante ou um resort, que fica às margens da lago. No restaurante em que paramos, não nos cobraram nada para entrar, nem para estacionar ou para usar as mesinhas que eles deixam montadas na praia. No resort em que paramos para pedir informações, também não cobravam entrada, mas só abria às 9 horas da manhã.

Uma hora de calmaria já recarregou nossas energias e já estávamos prontos para seguir viagem. Nos aventuramos novamente pelas areias até chegar em Jijoca. Lá, uma paradinha para calibramos os pneus para o asfalto e já seguimos em direção ao Norte do país.

Saímos do Ceará, cruzamos o Piauí e entramos no Maranhão. Quebramos nossa dieta para provar a Cajuína, bebida concentrada feita com o fruto do cajueiro, tipicamente piauiense. A bebida veio engarrafada em long neck.

O rótulo dizia não ter adição de açúcar, mas a concentração da fruta torna a bebida bem doce. É boa, mas na nossa opinião não dá pra comparar ao suco da fruta feito na hora. Até mesmo porque o processo de fabricação da cajuína é diferente… é filtrado e aquecido, por isso o sabor se altera.

Bem, seguimos até a cidade de Barreirinhas, já muito perto do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses. Na passagem pela MA-315 até Barreirinhas pegamos estrada muito, mas muito ruim. Por outro lado, a estrada era toda margeada por branquinhas e enormes dunas, desenhas pelo mesmo vento que formava as detestáveis costas de vaca. O visual acabava sendo um alento para a velocidade máxima de 30 km/h que conseguíamos empregar na nossa casinha rodante.

                                                                           Chegando em Lençóis Maranhenses

Dali já era possível ver a beleza de Lençóis mas que deixamos para explorar no dia seguinte. Já era cinco da tarde e conseguir um local seguro para dormir era nossa prioridade. Paramos em um posto de combustíveis 24 horas, com a presença de alguns caminhões. Perguntamos ao frentista que gentilmente nos indicou o banheiro e o chuveiro na condição de que abastecêssemos no posto.

Tudo certo. Paramos, abrimos nossa casinha e cozinhamos uma sopa rala de arroz ainda na intenção de preservarmos nossos estômagos.

Logo descobrimos algo chato, uma das poucas coisas capazes de nos aborrecer (ao menos a mim, Dani): só havia um único banheiro, que ficava junto com o chuveiro, e que era compartilhado por uns vinte caminhoneiros que começavam a formar fila para usá-lo.

Até eu que moro em um carro, tenho meus limites. Disputar lugar com mais de vinte homens para usar um único banheiro definitivamente ultrapassava meu grau de tolerância aos percalços da estrada. Sair dali, por outro lado, não era uma opção convidativa. Já estava escuro e estávamos cansados.

Naquele dia decidi que iria dormir sem tomar banho (ao menos tinha me banhado nas águas doces e limpas da Lagoa Paraíso!).Também não usei o banheiro. Escovei os dentes dentro do carro. Vinicius ainda se aventurou no fatídico WC e conseguiu tomar banho.

Logo depois adormecemos, mesmo com os barulhos costumeiros de um posto vinte e quatro horas localizado dentro da cidade… aparentemente já estávamos ambientados a esse habitat.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *