Despertar, tomar café da manhã com os amigos, colocar o roteiro na cabeça e no GPS e partir. Mas antes, uma paradinha na praia com Mari, Tiago e Nina. Fomos até a praia do Flamengo e logo cedo a praia já estava cheia. Mas o que chamava mais atenção era que metade das pessoas que estava na praia estava lá a trabalho. Vendedores de água de coco, de biquíni, de queijo coalho, caipirinha, castanhas…. todo mundo dando um jeito de sobreviver. “É a crise”, todos repetem desde que saímos de Blumenau. Pegou o país de jeito e pelo visto ninguém saiu ileso.
Fomos embora antes que a proporção entre trabalhadores e praieiros se alterasse. Às 11:45 horas estávamos no Terroir do Axé, um restaurante a beira da represa, na Mata de São João, bem pertinho da Praia do Forte.
Chegando lá fomos recebidos por Rômulo, ou Ceará, como é mais conhecido. Nordestino acolhedor, simpático e atento! Não perdia atenção um segundo de tudo que acontecia no restaurante. Chama o garçon, fica de olho na atendente, vai até a cozinha, recebe os clientes. Tudo no mesmo segundo e enquanto nos levava a mesa em que seria servido o almoço.
Ceará chamou Dona Rita, cozinheira há 34 anos, que nos apresentou a Maniçoba, conhecida como feijoada da folha da mandioca. Feijoada porque o caldo que leva à folha ganha pedaços de carne, assim como na feijoada tradicional. O prato que é servido como entrada no restaurante é trabalhoso. A folha fica cozinhando por três dias para tirar todas as toxinas. Isso mesmo, três dias.
Já no prato a folha parece com couve, um pouco mais amarga talvez. Diferente, curioso e saudável.
Mas era hora de provar o prato principal. Uelinton, cozinheiro da casa, preparou um filé ao molho de vinho acompanhado de baião de dois e mandioca frita. A carne estava bem macia e o gosto do vinho bem evidenciado. Mas pra nós o acompanhamento era a estrela principal: baião de dois. Feito com feijão verde, o prato leva linguiça e queijo minas. Uma versão pouco conhecida no sul do país que poderia ser mais explorado por lá… é nutritivo e delicioso!
Ainda degustamos duas caipiroskas: uma de morango com gengibre e outra de lima com hortelã. Eu gostei mais da primeira, Vinicius da segunda.
Depois de comer muito bem, Ceará nos fez duas surpresas. A primeira foi anunciar nossa passagem pelo restaurante a todos os clientes, falando do nosso projeto e da nossa “coragem de sair pelo mundo”. A segunda foi nos oferecer sua “cabana” para descansarmos e pernoitarmos.
A oferta foi irrecusável. O lugar era lindo, uma cabaninha de dois andares, rústica, de frente para o lago. Essas surpresa que a vida tem nos reservado a cada dia. Obrigada, meu Pai! Axé!, como diz Ceará!