Partimos de Puerto Maldonado depois de um café da manhã reforçado no Hotel Cabaña Quinta. Nessa etapa poderíamos ter seguido para Cusco, a cidade que fica próxima à famosa Macchu Pichu. Mas optamos por ir em direção à Arequipa, ao sul do país.
Arequipa é conhecida como polo gastronômico do Peru e por esse motivo a nossa preferência. Além disso, já estivemos em Cusco e decidimos que só iremos se houver tempo depois de esgotados os outros destinos que temos mapeados.
Pois bem. Arequipa está a 763 km de Puerto Maldonado, num caminho que corta a Cordilheira dos Andes. Fazer essa quilometragem num dia seria difícil e também desnecessário. Resolvemos desacelerar um pouco e curtir a paisagem, o caminho.
Nos primeiros quilômetros domina a paisagem de floresta úmida, bem parecida com a do norte do Brasil, fazendo que essa parte do Peru se pareça mais com o nosso país do que a região sul de onde viemos.
As barraquinhas montadas nas beira rodovia ofereciam várias frutas e sucos das frutas que costumamos ver no Acre, Manaus e Pará: cupuaçu, abacaxi, manga, etc. Muitas compravam castanhas ainda com casca e ofereciam “o melhor preço do mercado”.
A cara de Brasil foi findando conforme nos afastávamos da fronteira e assim que atingimos os primeiros dois mil metros de altitude nada na vegetação e no clima nos lembrava nosso país. O frio apareceu, os campos e montanhas nevadas também. Por fim as alpacas e ovelhas compunham um cenário completamente novo e inteiramente encantador.
A velocidade média do carro caiu, uma tontura surgiu e estávamos sob os efeitos do mal da altitude. Nada de mais, mas com o ar pesado e rarefeito achamos melhor seguir as orientações de praxe.
Paramos em uma vendinha qualquer na beira da estrada e compramos um saco de folhas de coca para mastigar. Teremos folhas de coca o suficiente para atravessar a Cordilheira umas vinte vezes. rs
Sob o encanto das belezas naturais do Peru, quisemos parar por ali mesmo, no meio do caminho, em meio aquelas montanhas cortadas por um calmo riozinho. Ainda era quatro da tarde e estávamos decididos a achar algum lugar ermo e seguro para pernoitarmos.
Não demorou muito para que encontrássemos uma pequena entrada que levava a um lugar mais alto, com uma vista incrível. Subimos pela estradinha e logo acima estava Alfredo, um peruano campesino que não criou qualquer objeção para que pernoitássemos ali ao lado de sua plantação de batatas.
Perfeito!
Paramos o carro e começamos a arrumar nossa casinha. O vento da cordilheira começou a soprar forte e em menos de uma hora nosso termômetro já marcava 11ºC. Fizemos nossa jantar na nossa mesa de apoio externa, mas o vento não deixava que ficássemos do lado de fora.
Assim, jantamos a pasta feita pelo Vinicius dentro da nossa casinha, quentinhos e confortáveis. E quando o jantar acabou, até pensamos em ler, mas o pouco oxigênio e o frio intenso nos convidaram a dormir antes das oito horas.