Dia 87 – 27 de novembro – Segunda-Feira: A história de um Catarina que redescobriu os sabores da Amazônia

Um bate-papo na cozinha com o chef Felipe Schaedler

Tomamos uma decisão. Deixamos as bikes em Novo Airão-MA. Quando planejamos a viagem, nossa ideia era poder andar mais de bicicleta, fazer alguns passeios, curtir as cidades pedalando, mas na prática acabamos vendo que na rotina do nosso projeto elas acabavam tendo pouco espaço.

Aqui no Brasil, nesses quase três meses de viagem, as usamos muito pouco e o trabalho de deixá-las sempre bem fixas no suporte, somado ao peso que elas agregavam ao carro (fazendo o gasto de diesel ser maior) e, ainda, a nossa preocupação com a segurança, acabou desestimulando levá-las adiante.

Enfim, depois de vivenciar um pouco mais a estrada e o nosso projeto especificamente (que tem uma rotina diferente de outra “volta ao mundo de carro”), pesamos novamente os prós e os contras de carregar as bikes e vimos que não compensava.

                                                                  Nosso fiel companheiro. Agora sem as bikes.

Talvez em outro lugar do mundo repensaremos essa decisão novamente, quem pode prever?

Bem, sem as bicicletas nosso suporte não precisava ser tão grande e pesado. A segunda decisão foi cortar parte do suporte e pra isso precisávamos achar um serralheiro. Logo bem cedinho Vinicius encontrou um que fez o serviço rapidinho. Resolvido!

Assim, às nove da manhã já estávamos prontos para seguir viagem, com previsão de chegada a Manaus por volta do meio dia. E assim aconteceu.

Fomos direto para a Pousada do Mauro, a Pousada Chez Les Rois, que nos ofereceu pouso na capital Amazonense. Muito obrigado Mauro!

A pousada é uma graça, bem arborizada e está muito bem localizada. Em menos de dez minutos o uber nos deixou na porta da entrada principal do Shopping Manauara (fomos de uber até o shopping porque nosso carro não entrava no estacionamento).

Ir ao shopping em Manaus?

Sim, e no nosso caso não era programa de índio.

É no shopping que fica localizado o Restaurante Moquém do Banzeiro, o mais novo restaurante do chef Felipe Schaedler, com quem tivemos a honra de dividir, num par de horas, algumas histórias e duas receitas especiais do seu cardápio (assista ao vídeo em nosso canal do YouTube clicando AQUI!).

                                                                         Minutos preciosos com o Chef Felipe Schaedler

Super simpático e muito articulado, Felipe nos contou das primeiras impressões do menino do sul quando chegou na Amazônia e mostrou a preparação da famosa Costelinha de Tambaqui agridoce e da salada feita com a farinha de Uarini hidratada, tucumã, abacaxi, castanha e folha azedinha pobre velho.

                                                             Costelinha de Tambaqui agridoce de lamber os dedos!

A salada é inspirada no Chibé, prato típico da culinária amazônica feito a partir da mistura de farinha de mandioca e água, que Felipe conheceu quando visitou o povo ribeirinho de São Gabriel da Cachoeira.

                                                                                   Salada com Ovinha inspirada no Chibé

O Bisneto dos Deuses e o mais novo filho da Amazônia

O vilarejo que ficou famoso depois da visita do chef, tem na cozinha do Moquém um representante em carne e osso. Yepasurriparami (que na língua indígena quer dizer “bisneto dos deuses”), ou simplesmente “Machado” (como é conhecido pelo homem branco), veio morar na cidade de Manaus e identificou na cozinha do Moquém os sabores que eram produzidos lá no interior do Amazonas pela sua família. Pediu emprego a Felipe e lá está, ajudando a difundir a cozinha amazonense aos manauaras e turistas que vem apreciar a comida genial de Felipe.

Depois dessa imersão na cozinha amazonense, seguimos para nossa pousada, agora à pé. Descansamos uma hora ou menos e logo recebemos visita.

Rafito, outro colega de Vinicius da época da faculdade, mora em Manaus a um par de anos e veio nos pegar para dar uma volta na cidade. Fomos nós três e a Rafa, sua namorada, ao centro de Manaus, bem ao lado do imponente Teatro Amazonas, provar o que não tínhamos conseguido provar em Belém. Tacacá. Pra quem não sabe, é um caldo feito com tucupi (mandioca braba), goma de tapioca, jambú e camarão seco.

Eu, Dani, achei que o gosto de “pitchu” (ou pitxu?) estava sobressaindo demais. Talvez porque já passava das nove da noite e a comida não estava devidamente acondicionada. Mas Vinicius comeu tudo e nada aconteceu com ele.

Provamos também um bolinho com massa de batata e recheio de pirarucu, uma “coxinha de galinha” repaginada, muito saboroso e servido em vários botecos da cidade.

Por fim, ainda provamos uma American Wheat Ale produzida pela cervejaria Rio Negro, de Manaus, tudo ao som ao vivo de música “nortista popular brasileira”.